Gonçalo Annes Bandarra, sapateiro e poeta popular do século XVI, ficou célebre pelas suas trovas proféticas, ainda hoje relembradas sempre que uma calamidade nacional se associa à imagem de um salvador messiânico. As suas "profecias" inspiraram várias personalidades ao longo dos últimos séculos, como o Padre António Vieira e Fernando Pessoa, e influenciaram inúmeras obras literárias e ensaísticas.
Ali encontrámos saudosos homens de venerável idade, de aspecto rude, se se quiser “impelidos”, como os caracterizou D. João de Castro. Impelidos, mas Homens: rectos, nobres, sofridos e duros como convêm a um clima agreste, homens de uma só palavra e de parco riso, espécie extinta ou em extinção. E se alguém tiver dúvidas quanto à nobreza de tais sábios “analfabetos”, lembrem os versos de Sá de Miranda na Carta a El-Rei D. João III: Homem de um só parecer, De um só rosto e de uma fé, De antes quebrar que volver, Outra coisa pode ser, Mas da corte homem não é. Foi deles, que, na nossa curiosidade juvenil, bem notada por quem olhos tinham para as pequenas manifestações da Vida, ouvimos pela primeira vez a história do Bandarra, e algumas das suas quadras, ajaezadas em função das circunstâncias e das memórias dos cantadores, nas tendas feitas tabernas, em frente de um copo de vinho puro, duma febra assada em fogo reconfortante e de um quarto de alvo trigo.
Como pode alguém comandar o País, se tiver sido nomeado para candidato no interior do partido por processos antidemocráticos, se não diretamente, pelo menos de forma indireta, mas com o seu conhecimento?
Quem aceita estas situações não tem moral para impor seja o que for aos portugueses!
Altos responsáveis afirmam a existência de “sindicatos de votos”, quotas pagas por outros que não os próprios, atropelos à democracia interna, etc. Sabe-se do afastamento de milhares de portugueses dos partidos por não poderem pactuar com tais situações e o Estado, através dos tribunais não tem o direito e o dever de intervenção? Pode ser perigoso, mas a situação descrita também o é!
Desculpem, mas assim não vamos longe. De facto a qualidade dos governantes tem de ser baixa, para o País ocupar os últimos lugares a nível Europeu.
Comentários? Sem retorno aos valores, não se vê como poderemos mudar.
O regresso aos valores não se faz de um dia para o outro. Certo.
Foram precisos anos para se atingir o caótico estado atual. Correto?
Serão precisos muitos anos para se atingir o mínimo de vivência salutar, baseada nos indispensáveis valores humanos. Mas teremos de lutar nesse sentido!
Acontecem todos os dias os comportamentos mais execráveis, no domínio da corrupção, do egoísmo, da falta de respeito pelos outros e a generalidade dos cidadãos nem para para pensar, contínua, aparentemente indiferente!
É assim como nas grandes cidades, nas quais uma mãe com um filho ao colo está a ser assaltada e toda a gente, ao seu redor, finge que não vê!
Parece que tal situação interessa a muita gente, se refletirmos convenientemente, não interessa a ninguém.
Quanto à modificação do atual estado de coisas, só se sabe que ele tem que mudar, como, de facto não se sabe! Só sabemos, que todos teremos que mudar muito em termos cívicos!
Afinal o que é isso? Há um abismo total entre o querer perceber, ou não querer mesmo perceber e as pessoas preferem não perceber, preferem, até mesmo esquecerem. Se cada um fizesse um esforço para se situar em relação a esta realidade…, mas não, não há sequer isso, fazem um esforço máximo, para participarem desta coisa. E esta coisa é precisamente uma nação ser um corpo com alma ou sem ela.O esclarecimento é algo perfeitamente indispensável, e julgo que de uma maneira geral é assim. Desde criança deveríamos ser despertos para o “sentimento da nacionalidade, do próximo, da verdade, do ambiente etc.”.Para o sentimento da nossa integração num mundo que pense de forma igual ou parecida, mesmo com língua diferente. E que tal mundo fosse mesmo um mundo de irmãos. Sem esse sentir, a consciência nacional ou universal não funciona em pleno! Só o sentimento de irmandade, legítima a nossa consciência. Mas, antes da incursão nestes conceitos, temos de desejar construir uma civilização, num país em que a população seja civilizada, e nunca degradada moral e etnicamente. Ou seja:
«Se não existir lugar no vosso coração para aqueles que estão ao vosso lado, não haverá lugar para vós na casa que é de todos.»
Se o poder quiser tirar o país da estagnação e conduzi-lo a grandes passos para o desenvolvimento e progresso tem, em primeiro lugar, de criar nesse povo o sentimento de uma nação, casa de todos e para todos. Tal, só se poderá conseguir pela cultura desse povo no caminho para a grandeza da nação e mais ainda face às suas sempre existentes fraquezas comuns.
Mesmo num país, multimilenar como o nosso, não podemos ouvir, nos meios de comunicação o martelar constante de apelos e reivindicações de cariz corporativo. Elas, não passarão de uma afronta imprópria, aos mais desprotegidos. Muito menos a tristes episódios de corrupção!
Simplificando: «ouvir presidentes de sindicatos, bastonário dos enfermeiros ou outros, chefes dos guardas prisionais etc., etc. Anunciarem a necessidade de aumentar os respectivos efectivos ou melhorarem condições salariais/laborais sem assumirem a mínima preocupação com a degradação nas reformas dos idosos, com o elevado desemprego, com uma conjuntura económica fragilizada, com a morte contínua da nossa “sociedade civil”, e por fim, sem a menor preocupação com as enormes fragilidades da nossa economia (potenciadora da criação de riqueza que pagaria todas as necessidades do país e dos portugueses). Tambem, sem a noção de que sem dinheiro, as prioridades sempre serão para os problemas nacionais, em maior aflição. A defesa do mundo próprio de cada um, ou do sector empresarial mais frágil, não deverá sobrepor-se a tudo o mais.
A expressão viva da nação é a consciência dinâmica de todo o povo. É a prática coerente e inteligente de homens e mulheres. A construção coletiva de um destino presupõe uma responsabilidade à altura da história. De outro modo, é a anarquia, a repressão, o aparecimento de partidos tribalizados, do federalismo, etc. O governo nacional, se quiser ser nacional, deve governar pelo povo e para o povo, pelos deserdados e para os deserdados. Nenhum «leader», qualquer que seja o seu valor, pode substituir a vontade popular, e um governo nacional deve, devolver a dignidade a cada cidadão, povoar os cérebros, encher-lhe os olhos de coisas humanas, desenvolver um panorama verdadeiramente humano, habitado por homens conscientes e soberanos. Encutir-lhe a partilha das dificuldades, em conjunto com uma partilha de esperança que um dia chegará mesmo. Tudo isto sem populismo barato