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O ENTARDECER

O ENTARDECER

O populismo

 

A democracia liberal está em perigo na Europa. Dando voz ao eleitorado, a nossa democracia parece não perceber que está longe de representar o povo e, em complemento, apareceu um “populismo” de duas faces, lembrando-lhes, sistemáticamente,  que o povo não se sente representado.

Quanto ao populismo, como quase tudo neste mundo, sobressaem nele dados positivos e outros negativos!

Do lado positivo, teremos;

- Uma hipotética mobilização dos sectores excluídos da sociedade

- Melhoramento, por pressão, da capacidade de resposta do sistema político

- Reforço da responsabilização do sistema democrático, pelos ataques contínuos

Do lado negativo, teremos;

- Endeusamento dos conceitos da soberania popular, desgastando e debilitando a protecção dos direitos fundamentais da democracia

- Politização acirrada das questões que não são consideradas pelas elites

- Desgaste demasiado numa moralização que parece andar arredia da maioria silenciosa.

Realçando algumas questões; dir-se-ia como positiva, a actividade dos chamados partidos radicais de direita na Europa, sem ela, o problema dos emigrantes passaria ao lado. Como aspectos negativos, podem, ainda sobressair, os atentados às maiorias nas eleições democráticas. De referir que, mesmo quando o sistema democrático se torna estável, a regra geral é aumentar a contestação, em lugar do silêncio ou mesmo do seu apoio.

Todavia, vale a pena perguntar:

Os sacrifícios têm sido impostos aos mesmos de sempre, aos trabalhadores por conta doutrem, pequenos comerciantes, reformados da actividade cívil, empresários e não se vê jeito disto melhorar. De facto é mesmo assim ....?

A proteção ao Estado e seus derivados, salta à vista ......  por este caminho atingiremos a "cortina de ferro", que Deus lá tem .... Anda por aqui muito populismo barato! 

Será que o Mal-estar Social estará mesmo instalado em Portugal?

 

a democracia liberal

"A democracia está em perigo na Europa?", por Henrique Burnay

Quando um país entra em crise profunda (e tem de pedir socorro internacional), nada mais normal do que o governo em funções perder o poder. Perdendo na rua primeiro e nas urnas depois. Se esse é o resultado de eleições previstas ou antecipadas por falta de condições para manter o poder, é quase irrelevante. O que é natural, e saudável, é que o povo condene quem exerce o poder no momento em que a crise é identificada. Democracia é escolha e sanção. Mesmo que possa ser relativamente injusto, porque é óbvio que não é apenas um governo o responsável pelo estado a que o país chegou. Daí que a queda de Brian Cowen, na Irlanda; Sócrates, em Portugal; Zapatero, em Espanha e Berlusconi, em Itália, façam todo o sentido.

Substancialmente diferente é o que se passa na Grécia. Quando o governo grego de Papandreou entrou em funções (em Outubro de 2009) a crise económica e social já era manifesta, e embora ainda não houvesse troika em cena, a sua chamada dificilmente lhe seria imputada. O ex-primeiro-ministro grego caiu por outra razão: porque o governo que levou a cabo as medidas de austeridade e negociou um acordo com a UE que representa a - necessária - ocupação da Grécia pelos credores, perdeu o curto apoio político que tinha. Na rua, como se via na praça Sintagma que nos últimos tempos mais parecia a praça Tahir; e, não sabemos mas podemos desconfiar, nos quartéistambém. Quando o primeiro-ministro grego anunciou o referendo que não se realizou, talvez não tenha sido meramente caprichoso, instável ou não fiável. Tendo em conta a demissão das chefias militares e o ambiente na rua, é muito possível que as instituições democráticas tenham estado em perigo na Grécia. Isto quer dizer duas coisas: que, para lá dos acordos internacionais e da razão, há uma massa que reage à austeridade de forma não necessariamente racional e responsável, mas nem por isso menos importante de ter em conta. E que a História não acabou.

A Europa tem vivido convencida de que os factores de conflito interno estão terminados, de que a Democracia Liberal triunfou e que não haverá mais guerra no Continente, nem regimes não democráticos. Uma ilusão perigosa.

 

ENGOLIR EM SECO

Os portugueses parecem ter uma relação estranha com a democracia. Andam muito desconfiados. São republicanos, democratas radicais e parecem envergonhar-se do regime monárquico que os governou oitocentos anos. Parecem querer ignorar o esplendor que Portugal atingiu no mundo inteiro, nesse período !

Por outro lado, olham para os políticos eleitos por nós, empoleirados em Lisboa ou bem instalados nos edifícios públicos de todo o país, e sentem - se constrangidos e mal, mesmo muito mal, representados.

 

Aqui mora o estranho dessa relação: para a maioria dos cidadãos, aquelas caras são os seus representantes legítimos. Será verdade? Perguntam surpreendidos?

Porém, sentem por eles, quase sempre, um sentimento que abarca desprezo e repúdio, raiva e indiferença, asco e desconfiança. Se quiserem, ainda, muito mais do que isto!   Sem exagero, sentem desdém!

Vivemos longos anos debaixo de uma ditadura instalada. A grande maioria habituou-se! Até achava que não era mau de todo. Só que os interesses das grandes potências exerciam sobre Portugal e as riquezas das suas colónias, uma feroz pressão. Lá, Portugal tinha de tudo! Petróleo, ouro, minérios, madeiras etc.,  e o respeito dos indígenas!

Eram tudo coisas muito apetecíveis.

Então, aliciados alguns promissores democratas (?) internos, a máquina de propaganda internacional enchia os ouvidos do povo com as qualidades supremas da democracia! Prometer mais e melhor é fácil e resulta. Hoje continua assim! Naquela época já se olhava para S.Bento e tínhamos vontade de chorar. Mas tínhamos um álibi: a maioria daquelas figuras estava lá contra a nossa vontade.

As instituições foram minadas, a credibilidade governativa também e o império foi caindo.

 

O regime do continente também caiu, e veio o grito de liberdade!

 

Veio a liberdade e com ela o assalto ao poder pelos menos preparados em todos os sentidos. A herança “fascista” encheu muita gente que nunca tinha querido trabalhar. Muitos outros tiveram de fugir, os que gostavam e sabiam trabalhar. Decorridos mais de trinta anos e entrados no século XXI, após a necessária democratização, boa parte da sociedade portuguesa continua com um travo amargo na boca ao olhar para os políticos. É como se tivéssemos um corpo estranho na alma!

 

Só que, agora, não temos que engolir em seco: fomos nós que os pusemos lá!

 

Será assim? É melhor nem saber. Mas que somos os verdadeiros responsáveis por toda esta bandalheira, pela falta de carácter e de vergonha, pelas patetices e pelas mesquinhices que eles perpetram. Nisso estamos todos de acordo.

 

O Estado, dos partidos

 

 

A teoria do estado dos partidos (Parteinstaat) fundamenta a construção de uma dinâmica nova de funcionamento no Estado, apresentando-se como modelo alternativo ao da representação política liberal, pois são justamente os aspectos problemáticos desse último modelo que formam o pano de fundo para o desenvolvimento da compreensão democrática-partidária, do Estado, uma vez que o modelo de representação liberal demonstrou a sua incapacidade em garantir a efectiva representatividade.

O novo paradigma de organização política seria o resultado da articulação e da interacção entre o sistema partidário e a estrutura do Estado, e tem como meta estabelecer um sistema político que garanta a efectiva representação do sujeito colectivo.

Na perspectiva do estado dos partidos, a vontade geral estatal passaria a ser construída no interior dos partidos políticos, ficando o órgão de representação, no caso o Legislativo, relegado a segundo plano.

O centro das decisões políticas deslocar-se-ia do seio do Parlamento para o interior dos partidos políticos. As políticas públicas passariam a ser consequência da acção e da vontade dos partidos políticos enquanto sujeito colectivo, levando-se em consideração sempre a vontade da sua base de apoio. A vontade dos indivíduos seria previamente determinada e harmonizada na estrutura interna dos partidos. As organizações partidárias seriam transformadas, assim, em catalisadoras das políticas públicas. O princípio básico do Estado de partidos é o de proporcionar, na medida do possível, que cada partido se preocupe em tornar hegemónicas as suas ideias e a concepção do mundo, tendo sempre por base, por sua vez, os princípios da democracia e da disciplina interpartidária.

 

Sinfonia Neoliberal


Nem Tanto ao Mar …  … Agora é que é para dizer; "A culpa É TODA DO GOVERNO ANTERIOR"

No mundo da modernidade e da eficiência, um presidente de empresa recebeu um convite para uma audição da Sinfonia Inacabada de Schubert.

Como tinha compromisso anteriormente assumido, transferiu o convite para o segundo homem no “board”, pedindo-lhe um relatório da missão.

No dia seguinte recebeu um “paper”:

Durante períodos consideráveis, quatro músicos que tocavam oboé nada tinham para fazer. Eles podiam ser eliminados, donde: os custos seriam distribuídos e haveria mais lucro.

   

Quarenta violinos tocam notas idênticas. Um desperdício. Essa parte poderia ser drasticamente reduzida. Notou-se esforço desnecessário na execução de bemóis e sustenidos. Se o autor os tivesse suprimido, arredondando o valor de cada um deles pela nota mais simples (o si bemol seria apenas si e o dó sustenido seria ré), obter-se-ia considerável economia de meios e uma execução mais rápida e fluente. Não detectei nenhuma finalidade prática na repetição pelos metais dos mesmos temas já executados pelas cordas. Se essas passagens redundantes fossem eliminadas, o concerto poderia obter os mesmos resultados com a economia aproximada de 20 minutos, donde o autor, o vienense Franz Schubert, poderia ter completado a sua sinfonia “inacabada”.  O relatório foi apresentado na reunião semanal da directoria sendo considerado no excelente. Na semana seguinte, o presidente do board foi surpreendido com a aceitação do seu pedido de demissão – demissão que ele não pedira. Um novo génio do neoliberalista ocuparia o seu lugar, justamente o segundo homem da empresa, autor do relatório sobre a peça de Schubert. No exercício seguinte, a empresa demitiu 3170 empregados, fechou 18 filiais espalhadas por 12 estados, numa licitação pública do Ministério do Ambiente, foi considerada a mais indicada para enlatar o ar da Suíça a ser vendido no Cubatão.

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