Uma sociedade aberta é, por definição, uma sociedade transparente, no caso português a evolução está a ir no pior sentido.
Assim, somos obrigados a concluir que o lodaçal das suspeitas na sociedade portuguesa se vai adensando e a propósito da reforma fiscal, então a ser discutida, Pedro Ferraz da Costa fez esta afirmação à Lusa:
“Toda a gente sabe que grande parte das despesas confidenciais das empresas têm a ver com verbas que elas têm que avançar «por fora» para obterem todo o tipo de licenças relacionadas com obras, toda a gente sabe e, aparentemente, ninguém se indigna. De resto era a segunda vez, pelo menos, que Ferraz da Costa aludia ao mesmo assunto: “ a existência de corrupção e tráfico de influências nos órgãos decisores do Estado e da Administração Pública.
Trata-se de uma denúncia vaga, sem dúvida, e com destinatários indeterminados. Mas não pode senão estranhar-se a naturalidade com que ela foi feita e a indiferença com que foi recebida. Ferraz da Costa deve saber do que fala e de certo não se eximiria a apresentar a quem lho pedisse (policias ou tribunais) casos concretos de que tem conhecimento e as circunstâncias em que eles ocorreram. Seria um inestimável contributo para a necessária e tão apregoada transparência. Seria ainda uma óptima oportunidade de prestar um serviço valioso à democracia portuguesa e á política, as quais ameaçam soçobrar no tal lodaçal de suspeitas que toda a gente alimenta, mas ninguém, sabendo do que fala, se dá ao trabalho de provar,”. Estamos a citar noticia publicada.
As suspeitas sobre os políticos são uma constante. Com ou sem razão. A maneira como os processos são encerrados só aumenta o adensar das crescentes suspeitas.
Os “ lóbis “ , dá para perceber , que são conduzidos por pessoas colocadas nos lugares certos , para facilitar , dificultar ou até desviar o normal curso de certos processos , de maneira a que as conclusões finais sejam aquelas que mais interessam a quem fomentou os ditos « lobbies ».
Agora, como se articulam essas pessoas, com são instruídas, quem as coloca e como, e o modo como também são protegidas é mais difícil de perceber.
Percebe-se que tem de ser um trabalho feito em rede, as informações têm de circular com fluência, e o sigilo é fundamental tendo em vista o sucesso a alcançar.
Em toda esta cadeia humana não pode haver descontentes, sendo difícil perceber como tal é conseguido.
O descontente normalmente desabafa a sua revolta com alguém, a menos que esteja coagido a não o fazer, por medo naturalmente de perder no futuro, oportunidades que sozinho não conseguiria alcançar.
Agora quem tem força para lhes dar segurança e oportunidades? Uma pessoa isolada não é crível, mais parece trabalho de organizações. Mas que organizações?
Quem protege estas organizações e como ultrapassam o “Poder “ legitimamente constituído? Ou se entrelaçam com ele?
Volto a acreditar que tudo isto passa ao lado da maioria da população, que vive quase completamente absorvida pelas preocupações do dia-a-dia. Provavelmente, têm ao seu lado pessoas a trabalharem num qualquer «lobby», sem do facto se aperceberem.
Por último, não tenhamos quaisquer dúvidas, que os “lobbies “ atravessam partidos, governos, organismos públicos, Assembleia da República e todo o lado, onde possa haver, uma ponta que seja, de poder de decisão ou interesses
Os intervenientes em tais processos, salvo raras excepções, só podem ser pessoas sem escrúpulos pouco interessadas na defesa do que é justo ou da verdade e, somente norteadas no cumprimento cego das instruções de quem lhes paga.
ªContinua a ser demasiado fácil incumprir contratos, incumprir normas de conduta, incumprir deveres legais.
Jose Miguel Judice, Bastonário da Ordem dos Advogados
“Francisco Sarsfield Cabral – Sobe de tom a contestação ao Governo. Mas quase não há, tirando o caso da segurança social, onde se nota um pensamento maduro e uma estratégia determinada na concretização da mudança. Predominam, isso sim, declarações de intenção reformista, mas ainda sem grande correspondência na prática. E como essas declarações não têm primado pela clareza, permitindo imaginar tudo e mais alguma coisa, a perspectiva de mudança alarmou inutilmente muitas pessoas. Inutilmente não: o alarme exagerado veio mesmo a jeito para os interesses instalados estimularem uma onda de rejeição indignada de toda e qualquer reforma.
Os «lóbis» não andavam distraídos, como já se tinha visto com a reacção à proposta de Ferro Rodrigues de criar farmácias sociais. A sua melhor defesa é o ataque. Assim, os vários grupos de pressão atacam por antecipação qualquer hipótese de reformas. Mas fazem-no em geral por interpostas pessoas, aproveitando o receio entretanto gerado na sociedade pela ânsia deste governo de se demarcar do estilo Guterrista de empatar com diálogos. E fazem-no com tanto maior ânimo quando o governo se mostra verbalmente decidido a mudar muito, mas já comtemporizou demasiado com alguns «lóbis» por exemplo, nas finanças das regiões autónomas ou no endividamento das autarquias. E não escapa a ninguém que, nestes como noutros casos, a verdadeira oposição ao Governo está dentro do PSD. Chegámos, assim, a uma situação curiosa. O governo do PS não fazia reformas para evitar contestações. Este governo fomenta contestações ruidosas, mas ainda não se mostrou capaz de concretizar reformas. Muito barulho, para nada? ´”
“ Não, temos de julgar pelas acções. Vi, por exemplo, o ministro da saúde anunciar a gestão privada dos hospitais. Eu conheço o seu percurso profissional, ligado ao grupo Melo, mas fui incapaz de ver nesse anúncio o interesse desse grupo. Muitos ministros vieram de escritórios de advogados, mas nos governos do PS isso também acontecia. Eu acho que temos de conceder a todas as pessoas um crédito de confiança e julgá-las pelos factos, sem suspeitas à partida. No caso do Benfica, não falo de ligações mas de factos. “
Daniel Bessa Expresso 06-07-02
“ O Governo está a tentar fazer reformas. Mas, cada vez que ensaia uma reforma – na Saúde, na Educação, na Segurança Social – levanta-se o respectivo “ lobby “ lá instalado,”
Miguel Sousa Tavares TVI, 9-7-02
“ PAULO PEDROSO sobre a pré-campanha “
“Sempre que se quer fazer algo no país surge um interesse organizado a opor-se. “
Sem medidas extraordinárias, onde se inclui a receita do perdão fiscal, défice poderá ter ficado "entre 2,4% e 2,8% do PIB", diz a UTAO. Sem medidas extraordinárias e irrepetíveis, sobretudo as do lado da receita, como o perdão fiscal do ano passado, o Governo podia ter violado a meta do défice público imposta pelo Conselho da União Europeia (UE) em Agosto de 2016. Segundo o documento da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) obtido pelo Dinheiro Vivo, há um cenário em que o défice sem medidas temporárias do ano passado ultrapassa claramente os 2,5% combinados com os parceiros europeus nos idos de Agosto, podendo chegar a 2,7% ou mesmo 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB). - Veja mais em: https://www.dinheirovivo.pt/economia/defice-sem-medidas-extra-governo-podia-violar-meta-da europa/
Onze portugueses perderam o emprego por dia, em média, por via deste método. O despedimento colectivo afectou 59 mil trabalhadores em onze anos.
A virtude dos empresários, está em saber conduzir as suas empresas correndo enormes riscos resultantes de:
1 – Concorrência desleal e abusiva (interna e externa)
2 – Falta de apoios financeiros estratégicos, por parte do Estado.
3 – Impostos elevadíssimos! Agravados por práticas desleais na procura e selecção dos fornecedores!
4 – Pagamentos a quase um ano, dos seus clientes (o Estado é um deles) etc.
5 – Legislação muito diferente e injusta para trabalhadores da função pública ou privada, sendo o objectivo o mesmo; o interesse nacional.
Por estudos que têm vindo a público, sabe-se que ser empresário é um dom que nasce com a pessoa! Suportam eles, de tudo para defenderem a sua empresa e os seus trabalhadores (evitando pagamentos de subsídios de desemprego). Por estatísticas credíveis, também se sabe, que muitas vezes o patrão tem habilitações básicas ou médias, havendo na e na sua empresa campeiam vários licenciados.
A inovação (também lhe querem chamar – qualificações) deveria ser garantida por entidades oficiais, dado que as exportações ou a não necessidade de importações, são riqueza que entra no País e favorece o próprio Estado mas, acima de tudo o País e os portugueses.
A não existência de despedimentos, colectivos ou não, na Função Pública, esclarece muita coisa!
É só no sector civil que existem estas necessidades de despedimentos colectivos? Responda quem quiser ou souber….
Será por falta de convenções colectivas? 175 estavam activas no final do ano passado (2016), mais 30 do que no final de 2015.....