1 – O Secretário de Estado trabalhou 19 anos no CITIBANK e (diz-se) vendeu swaps a empresas públicas! Na verdade ele cumpriu ordens de quem lhe pagava o ordenado e se há explicações a pedir não é a ele mas ao CITIBANK. O problema é este: Quem e quando comprou swaps em nome do Governo? Esse alguém é ou são os culpados! O que pretendiam com tal compra ruinosa? Desde já se percebe que a comunicação social está a errar a pontaria, seja ou não de propósito. Parece ser evidente uma manobra de intoxicação pública, para esconder os verdadeiros culpados!
2 – A ministra (com tanto que fazer) está a ser fragilizada por que motivo? Aparentemente por uma mão cheia de "trapalhadas" com as quais os meios de informação fazem notícias! Se foi ou não foi informada, e por não ter agido. É natural que com a tomada de passe de Governo tenha havido transmissão deste processo! Agora os jornalistas já investigaram e informaram os portugueses, se a operação feita pelo antigo secretário de Estado Costa Pina (PS) pode ser legalmente contestada nos Tribunais? Segundo consta, as PPP têm uma cobertura legal que não permite a sua revogação! Quando muito poderão ser negociadas, se houver acordo para tal, e nunca na praça pública. Tudo o resto são pormenores sem importância! Se foi tudo de uma vez ou aos poucos etc., é a transmissão de processos!
3 – Do mais importante, os jornalistas fogem como “o diabo da cruz”! Foi Costa Pina do PS quem assinou os swaps tóxicos! Por que razão ele queria esconder o défice?
4 – Toda a gente fugiu a pôr em evidência, de uma vez por todas, que as causas desta situação em que o país se encontra foram provocadas por outros e não aqueles que, por vontade do povo, têm a responsabilidade de nos tirar dela. Nos dias de hoje a tática é precisamente a mesma: somente mudou o disco, que é agora o velho AMIANTO! Nunca se viram ataques aos muitos milhões gastos em MAGALHÃES! Mas nunca ninguém perguntou, o motivo por que tal dinheiro não foi utilizado a erradicar das ESCOLAS o sinistro amianto! E o comportamento dos responsáveis pela desgraça em que estamos não é minimamente compatível com as regras da ética política e até informativa.
Todos os dias o Governo decide. Quero dizer, “descide” e reincide. Com uma pressa inusitada. Umas vezes a reboque do BE, nas questões fracturantes, não vá o diabo tecê-las. Outras vezes, numa mistura de algum revanchismo e precipitação, como é o caso das medidas sobre avaliações no sistema público de educação (sobre estas conto escrever um post). Outras ainda, acelerando o ritmo da reversão de algumas medidas de austeridade fiscal e de rendimentos, mesmo que ainda sem Orçamento para 2016. Além disso, apressa-se a eliminar o quociente familiar no IRS. E os feriados aí estão, frescos e repristinados, com a ironia de esta união das esquerdas incluir os religiosos. Também sem sabermos quanto é que nos calha pagar, o Executivo tenta manter a TAP maioritariamente nas mãos do Estado e reverte as subconcessões na área de transportes. Rápido foi também na resolução do BANIF sobre a qual, porém, se deve aguardar o resultado da Comissão Parlamentar de Inquérito para dilucidar muitas dúvidas e algum nevoeiro explicativo.
Não discuto a bondade de algumas destas tomadas de posição, em particular a progressiva eliminação da sobretaxa no IRS e a reposição dos salários na função pública, bem como a redução em 50% da CES sobre os pensionistas (a única que coincida nos programas do PS e do PàF). Ou o aumento do salário mínimo nacional.
Fui crítico de muitas medidas injustas tomadas pelo Governo de Passos Coelho. No entanto, o que me parece é que, agora, tudo está a ser feito com óbvia correria e ligeireza, com aquele sabor populista e algo ingrato para o anterior Governo, que, concorde-se ou não, permite agora a Costa a habilidosa reversão de decisões que foram tomadas no âmbito de um programa de ajustamento (por sua vez, imposto por uma anterior governação socialista). Entretanto, Sampaio da Nóvoa agradece e Marcelo Rebelo de Sousa tacticamente acompanha. A Europa está cautelosamente apreensiva e os investidores desconfiam sobre o modo como o Estado age entre Governos, ziguezagueando entre decisões e “desdecisões”.
O resto, o difícil e estrutural, aguarda. Talvez siga dentro de momentos, depois de esgotado o foguetório e a publicidade das boas medidas.
Nesta propaganda, incute-se a ideia que, de um lado, estão os bons, do outro lado, os maus, ou seja a nova versão maniqueísta da política portuguesa. E se alguma medida menos simpática for tomada, a culpa não será deste Governo dos bons, mas antes dos maus. Um acordo para governar tão impressivamente gizado na generosidade dos bons, mas com a necessidade de obter a condescendência dos maus para o que não interessa aos bons (como no Orçamento rectificativo).
Quando comecei a convencer-me que o liberalismo de inspiração anglo-saxónica - a chamada democracia-liberal - não estava a dar bons resultados em Portugal, e não iria dar bons resultados no futuro, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista social e político, fiz aquilo que me parecia racional fazer: "Esquece tudo o que aprendeste, e começa de novo".
Neste recomeço, no sentido de saber qual o regime mais adequado para o nosso país - económico, social e político - comecei por aquele domínio que me é mais familiar - a economia. E voltei a estudar a história económica de Portugal, dando ênfase ao período do Estado Novo, por ser o mais recente. A performance económica do Estado Novo não pode deixar de impressionar um economista.
O passo seguinte foi o de me interrogar que segredos conduziram o Estado Novo a uma performance económica tão extraordinária - a melhor da Europa durante o seu tempo de vida. Como a doutrina do Estado Novo se baseia essencialmente na doutrina de um único homem, o passo seguinte foi o de estudar o pensamento de Salazar à procura das soluções do mistério.
No final desse estudo, aquilo que mais me impressionou no pensamento de Salazar não foi nem a sua doutrina económica, nem o seu pensamento político. Foram, antes, pequenas observações, dispersas aqui e ali nos seus discursos e entrevistas acerca do povo português. Postas em conjunto, elas davam uma teoria acerca do povo português, uma ciência do Ser Português. Passei a acreditar na tese de que Salazar conhecia muito bem as características culturais do povo português e que o seu segredo consistiu em construir um regime económico e político adaptado a essas características e às circunstâncias da época. Salazar era um homem muito inteligente e arguto - uma qualidade que ele também reconhecia aos portugueses (a inteligência rápida). Aquilo que ainda hoje impressiona nele é que, praticamente sem nunca ter saído de do país e sem os meios de informação que hoje existem, ele possuía um conhecimento extraordinário do país e dos portugueses, e da cena internacional, incluindo as correntes filosóficas e políticas dominantes no estrangeiro. Como o pensamento de Salazar nos foi transmitido sobretudo por entrevistas e discursos, e não por trabalhos académicos que mencionem as fontes, é, por vezes difícil descortinar as fontes e os autores em que ele formou o seu pensamento. Para mim foi um grande prazer ter descoberto recentemente que esse extraordinário conhecimento que ele possuía do povo português se fundava, em grande parte, num pequeno livro publicado em 1915 por Teixeira de Pascoais (1877-1952), o poeta de Amarante - Teixeira de Pascoaes
Embora esteja certamente generalizada e suficientemente assimilada, o termo “nova evangelização”, continua o mesmo a ser recente no universo da reflexão eclesial e pastoral, e por isso com um significado nem sempre claro e consensual.
Tempo de “nova evangelização”
“Nova Evangelização”: o significado de uma definição
«Como acreditarão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem o anuncie?» (Rm. 10, 14)5.
“Nova Evangelização” e demanda de espiritualidade
Este esforço por trazer a questão de Deus para dentro dos problemas do homem de hoje, intercepta o retorno da necessidade religiosa e a procura da espiritualidade que a partir das novas gerações emerge com renovado vigor. As mudanças de cenário que analisamos atéeste ponto não podiam não exercer influencia também sobre o modo como os homens deram voz e corpo ao seu sentido religioso. A própria Igreja Católica éafectada por este fenómeno, que oferece recursos e oportunidades de evangelização inesperadas háalgumas décadas. Os grandes encontros mundiais da juventude, as peregrinações aos lugares de culto antigos e modernos, a primavera dos movimentos e dos grupos eclesiais são o sinal visível de um sentimento religioso que não se apagou. A “nova evangelização”, neste contexto, exorta a Igreja a saber discernir os sinais do Espírito na acção, dirigindo e educando as suas expressões, em vista de uma féadulta e consciente «atéchegar àmedida da plenitude de Cristo» (Ef. 4, 13)2. Além dos grupos recentemente nascidos, fruto promissor do Espírito Santo, uma grande tarefa na nova evangelização diz respeito àvida consagrada nas suas antigas e novas formas. Recordemos que nos dois mil anos de cristianismo todos os grandes movimentos de evangelização estiveram ligados a formas de radicalismo evangélico.
Neste contexto, insere-se o encontro e o diálogo com as grandes tradições religiosas, especialmente as orientais, que a Igreja aprendeu a viver nas últimas décadas, e continua a intensificar. Este encontro apresenta-se como uma óptima ocasião para conhecer e comparar a forma e as linguagens da questão religiosa tal como se apresenta nas outras experiências religiosas. Isso permite ao catolicismo de compreender com maior profundidade as formas com as quais a fé cristã escuta e assume a questão religiosa de cada homem.
Pintei este crucifixo e ofereci-o à Igreja, mas tenho dúvidas que os políticos possam servir-se de Deus em campanhas eleitorais! António Reis Luz
William Douglas
Artigo 1
DEUS NA POLÍTICA: CRISTÃO VOTA EM CRISTÃO?
William Douglas, professor de Direito Constitucional e escritor.
Multiplicam-se as críticas à citação de Deus na política. A primeira crítica é que por ser o Estado laico, não deve haver referência à religião. Tese errada. Estado laico é aquele que não opta por uma linha religiosa em detrimento das outras. Logo, excluir Deus do cenário não é ser laico, é ser estado confessional ateu. Os ateus são bem-vindos, mas os cristãos idem.
Em eleições anteriores quiseram depreciar Dilma por ser ateia, e isso foi criticado. Agora querem depreciar Marina por ser da Assembleia de Deus, e tem que haver igual repulsa por tal viés de preconceito religioso. Cada candidato(a) deve ser avaliado(a) pelo "conjunto da obra". A orientação religiosa não é o suficiente para escolher ou rejeitar um candidato, mas também não é correto ignorar que tal orientação indica valores. É legítimo que uma pessoa escolha um candidato cujos valores coincidam com os seus.
O fato é que há movimentos querendo impedir que haja bancadas ou voto com base no viés religioso. Repito: querer calar quem fala em Deus é mordaça, e querer colocar tais assuntos restritos ao interior dos templos é criar guetos. Isto não é admissível em uma democracia nem no Estado laico. Gueto é coisa de nazistas.
As pessoas escolhem seus candidatos como querem: por serem do Vasco ou do Flamengo, por serem ruralistas, ou gays, ou artistas, até palhaços admitem sem nenhuma grita (e Tiririca me fez sorrir, pois não se soube de ter recebido nada ilícito nos últimos quatro anos. Parabéns para ele). O que se insinua é que as pessoas podem escolher votar por qualquer motivo, menos pela fé. Isso tem nome: preconceito, perseguição religiosa, violação dos direitos humanos.
Outra crítica é feita à enorme quantidade de candidatos padres e pastores. Vi charges com Deus "dizendo" que Ele não autorizou o uso de Seu nome. Aí, me perdoem, mas parece haver um equívoco: o problema não é citar Deus, o problema é citá-Lo sem seguir Suas orientações. O problema não é pastor ou padre candidato, mas sim se ele se comporta, ou não, de acordo com a fé que diz professar. A Bíblia diz "aparte-se da iniquidade todo aquele que professa o nome do Senhor" (2 Timóteo 2.19).
Eu quero candidatos que se apartem da iniquidade. Se for para seguir esse único versículo da Bíblia, já terá o meu voto. Ele não receberá propina nem dará contratos para amigos e parentes, não deixará superfacturarem obras e não escolherá para os cargos apenas os apadrinhados (que, por não precisarem estudar nem trabalhar, em geral são incompetentes).
O desafio de cada cristão eleitor é evitar aquele que APENAS DIZ que é cristão, é achar e votar naquele que se COMPORTA como cristão. Não basta o rótulo. As Escrituras trazem exemplos de governantes que foram sábios pela ajuda de Deus: José do Egito, Salomão, Daniel, Neemias. São ótimos exemplos para o Brasil de hoje. Li que um pedido de pastores era o veto de uma lei que impedia som alto depois das 22 horas. Não sei se é verdade, mas se for, alerto: não é para isso que precisamos de cristãos na política. Não é para cuidar de interesses menores, ou pessoais, ou para ter o direito de incomodar terceiros.
O cristão, como qualquer cidadão, vota pelos motivos que bem quiser. Se quiser votar em cristão, isso é um direito. O que mais falta hoje na política e no governo são valores que a Bíblia recomenda: honestidade, justiça, serviço ao próximo, repúdio à defraudação. São valores que diversos não cristãos também acalentam. Logo, que todos escolham quem demonstra seguir tais valores, que todos votem em quem se comporta com decência.
Não cristãos não podem querer impedir que cristão vote em cristão, assim como seria errado um cristão querer impedir que ateu vote em ateu, ou ruralista em ruralista, ou ativista em ativista. E cristãos e não cristãos irão bem melhor se seguirem os valores que tantos ateus e teístas de todas as sortes defendem: governantes honestos, que sirvam ao público ao invés de se servirem do público. Eu sou cidadão e voto como quiser. Usando este direito, escolho votar em quem se comporta como cristão.
Um psicólogo fingiu ser varredor durante 1 mês e viveu como um ser invisível. O psicólogo social FB da Costa vestiudurante 1 mêsa farda de varredor e varreu as ruas da Universidade de São Paulo, onde é professor e investigador, para concluir a sua tese de mestrado sobre InvisibilidadePública'. Ele procurou mostrar com a sua investigação a existência da 'invisibilidade pública'- uma perceção humana totalmente condicionada pela divisão social do trabalho- onde se valoriza somente a função social e não a pessoa em si; quem não estejabem posicionado,sob este critério, torna-se uma mera sombra social, praticamente invisível. Constatou que, aos olhos da sociedade, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveise sem nome'. Ele trabalhava apenas meio-dia como varredor, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas, mas garante que teve a maior lição de sua vida: “Descobri que um simples'BOM DIA', que nunca recebi como varredor, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência”, explica o investigador. Diz que sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. “Os meus colegas professores que me abraçavam diariamente nos corredores da Universidade passavam por mim e não me reconheciam por causa da farda que eu usava.” -O que sentiu, trabalhando como varredor? Uma profunda angústia. Uma vez, um dos varredores convidou-me para almoçar no refeitório central. Entrei no Instituto de Psicologia para levantar dinheiro, passei pelo piso térreo, subi as escadas, percorri todo o segundo andar, passei pela biblioteca e pelo centro académico, onde estava muita gente conhecida. Fiz todo esse percurso e ninguém EM ABSOLUTO ME RECONHECEU. Fui inundado de uma indescritível tristeza.- E depois de um mês a trabalhar como varredor? Isso mudou? Fui-me habituando a ser ignorado. Quando via um colega professor a aproximar-se de mim, eu até parava de varrer, na esperança de ser reconhecido, mas nem um sequer olhou para mim.
- E quando voltou para casa, para o seu mundo real, o que mudou? Mudei substancialmente a minha forma de pensar. A partir do momento em que se experimenta essa condição social, não se esquece
Jamais. Esta experiência mudou a minha vida, curou a minha doença burguesa, transformou a minha mente. A partir desse dia, nunca mais deixei de cumprimentar um trabalhador. Faço questão demostrarao trabalhador que sei que ele existe, que é importanteeque tem valor.-
Aprendi verdadeiramente, com esta experiência, o"Valor daDignidade”.
Triste o país que desvaloriza os seus sucessos e se alimenta dos seus fracassos. Que se delicia a escutar e a espreitar a sua caminhada para o caos social e político, na ilusão de que está a fazer justiça e enquanto vai empobrecendo. Portugal está assim, como um...
Triste o país que desvaloriza os seus sucessos e se alimenta dos seus fracassos. Que se delicia a escutar e a espreitar a sua caminhada para o caos social e político, na ilusão de que está a fazer justiça e enquanto vai empobrecendo. Portugal está assim, como um louco a destruir tudo à sua volta.
Não ficará pedra sobre pedra em nenhuma instituição, é o que parece termos prometido a nós próprios. Governo, Tribunais, Banco de Portugal... Partidos e tribunais, políticos e juízes, governantes e opositores, empresas e gestores, jornalistas... O louco que se soltou no País esmaga, deliciado, a credibilidade de tudo e todos sem que encontre pela frente alguém que lhe faça frente.
Tudo parece desaguar no vazio que se foi gerando na Justiça. Porque a justiça não funciona - ou não funciona como cada um acha que deve funcionar -, façamos então justiça pelas nossas próprias mãos.
E no meio da maior crise económica e financeira desde a Segunda Guerra Mundial, discutimos escutas que quem tinha a obrigação de manter longe dos ouvidos de todos colocou na praça pública. A intenção de quem o fez, desconhecemo-la. Para nós, simples cidadãos, está criada a ilusão de que assim fazemos a justiça que a Justiça não faz.
Sim, estamos todos fartos de ver figuras públicas indiciadas sem que a mão da Justiça chegue até elas. No futebol, na política, nas empresas... E se nós, que assistimos de longe a esse espectáculo, estamos cansados e desalentados, como estarão aqueles que têm como trabalho investigar, acusar e fazer justiça? Revoltados? É a revolta que explica ter-se caído na tentação de fazer justiça com o que se tem à mão, o "You Tube" ou os jornais? Compreende-se mas não se pode apoiar.
O mau funcionamento da Justiça gerou justiceiros que, apoiados em cumplicidades variadas e inteligentes manipulações do sistema, condenam com trânsito em julgado, e sem direito de defesa ou resposta, todos quantos caiam numa escuta.
Todos queremos e temos o direito de saber. Mais informação é sempre melhor que menos informação. Mas cada condenado na praça pública que vai caindo é mais uma estrutura que se destrói na construção da nossa sociedade. Lentamente, com mesquinhas vinganças diárias que pensamos ser justiça, caminhamos para a nossa autodestruição.
Hoje satisfaz-nos ver apedrejar no espaço público quem julgamos saber que violou leis fundamentais. Amanhã, quando as pedras caírem por todo o lado, e a todos acertarem, clamaremos pela Justiça que julga com provas. E nessa altura, se não mesmo já, neste momento, a Justiça já estará totalmente destruída.
Contrariar o caminho que estamos a seguir parece quase impossível. O sistema parece estar em dinâmica autodestrutiva. É no interior da Justiça que está o motor dessa autodestruição. Estamos a assistir à reacção da Justiça contra a sua própria incapacidade de fazer Justiça.
O louco que a Justiça soltou tem a força e o ânimo para nos empurrar violentamente para fronteiras mais negras que a actual mais grave crise económica e financeira das últimas seis décadas.
Quem nos poderá salvar do louco que se soltou? Apenas a Justiça o poderá prender.
Talvez queiras ler esta oração que foi feita em Kansas na sessão de inauguração da “ Kansas House of Representatives.
Quando se pediu ao reverendo Joe Wright que fizesse a oração de abertura no senado de Kansas, todos esperavam uma ovação ordinária, mas isto foi o que todos escutaram:
“Senhor, viemos junto de ti neste dia, para Te pedir a tua direção.
Sabemos que a tua palavra disse:
“ Maldição àqueles que chamam “bem” ao que está “mal”, e é exatamente o que temos feito.
Temos perdido o equilíbrio
Espiritual e temos mudado os nossos valores.
Temos explorado o pobre e temos chamado a isso “sorte”.
“ Temos matado os nossos filhos que ainda não nasceram e temo-lo chamado “ a livre escolha”.
“ Temos abatido os nossos condenados e chamamo-lo de “Justiça”.
“ Temos sido negligentes ao disciplinar os nossos filhos e chamamo-lo “desenvolver a sua autodisciplina”.
Temos abusado do poder e temos chamado a isso: “Política”.
Temos cobiçado os bens do nosso vizinho e a isso temo-lo chamado “ter ambição”.
Temos contaminado as ondas de rádio e televisão com muita grosseria e pornografia e temo-lo chamado “liberdade de expressão”.
Temos ridicularizado os valores estabelecidos desde há muito tempo pelos nossos ancestrais e a isto temo-lo chamado de “obsoleto e passado”.
Oh Deus! Olha no profundo dos nossos corações; purifica-nos e livra-nos dos nossos pecados.
A mentira tornou-se prática comum, inclusive nas mais simples relações sociais; na política, nem se fala.
Não culpemos apenas a Europa por esta desgraça que nos atinge. O sonho europeu (o que quer que a expressão queira dizer) nasceu dos escombros de uma guerra maldita, pensado por homens generosos que acreditavam na generosidade dos outros homens. Os grandes escritores e os grandes pensadores, que têm conjecturado sobre o mundo, ensinam-nos da maldade dos homens; e as guerras sem fim, as atrocidades que não acabam provam-no das razões, horrorosas razões, que determinam a condição humana. Há uma maldade intrínseca em nós, e quando essa maldade é sustentada pela ganância e por um sistema que a estrutura pretende justificar, a extensão do mal torna-se pavorosa.
Os nomes dessa maldade estão aí: Gaza, Iraque, Afeganistão; mas também o preconceito, a fome, a ignorância em que as religiões, todas as religiões se apoiam; as hegemonias, tudo o que de pior há por aí, aí está. Claro que os oportunistas políticos, os incapazes que seguem, como as rémoras, as ideologias salvíficas, fazem grupo; porém, o infortúnio não será para sempre.
A tragédia que assolou a sociedade portuguesa tem culpados e responsáveis, primeiros entre os quais, nós próprios. Os que mandam treparam ao poder devido à nossa inércia e à alucinante incapacidade de os escorraçar. Os protestos chovem de todo o lado, transversalmente, e vamos ficando cada vez mais pobres, em alguns casos esmoleres sem energia nem dignidade. A mentira tornou-se prática comum, inclusive nas mais simples relações sociais; na política, nem se fala. A moleza ética parece fazer parte integrante de uma idiossincrasia até agora pouco conhecida. A palavra de honra e o aperto de mão correspondente faziam parte dos nossos padrões de vida. Ainda se encontram na província, de onde regressei há dias, um pouco recauchutado desta lástima.
Anteontem, o Diário de Notícias publicou um artigo notável por contundente e contundente pelo desabafo moral que contém, assinado pelo tenente-general Mário Cabrita, reformado, o qual, associado a centenas que se publicam, resulta numa grave advertência e num protesto superior.
Escreve Mário Cabrita:
"Estou farto de políticos mentirosos que na oposição prometem tudo e que no Governo nada fazem.
Estou farto de políticos despudorados que concorrem a eleições com um programa e que, quando eleitos, o rasgam sem ponta de vergonha.
Estou farto de políticos autistas que não percebem que a elevada abstenção representa um não ao actual sistema político.
Estou farto de políticos malabaristas que jogam com números já hoje duvidosos e amanhã falsos, tentando fazer de nós estúpidos e ineptos.
Estou farto da promiscuidade entre políticos e poderes financeiro e empresarial.
Estou farto de ministros que são nomeados e depois se volatilizam, tal como o dinheiro dos contribuintes que o Estado coloca nos bancos falidos.
Estou farto de pagar mais impostos, ver a pensão reduzida e a dívida a aumentar.
Estou farto de ouvir dizer que o problema são os juros da dívida e não ver coragem para negociar a sua reestruturação.
Estou farto de banqueiros e de presidentes de empresas com prejuízo receberem milhões de indemnização e receberem para si reformas obscenas.
Estou farto de bancos e empresas com conselhos de administração de 20 membros a ganharem quantias exorbitantes.
Estou farto de uma A.R. cujos deputados passam parte do tempo a trabalhar para empresas privadas.
Estou farto das juventudes partidárias que só produzem políticos incultos, arrogantes e inexperientes".
É o documento impressionante que não pode deixar de ser lido e ouvido por quem tem responsabilidades gerais: os governantes, os comentaristas não estipendiados, os jornalistas honrados, os escritores que ainda não emudeceram. Por todos nós. O tenente-general Mário Cabrita fala por todos nós. E o seu documento possui, além do valor do protesto imediato, a consistência que transforma as palavras num requisitório humano e histórico.
Num panorama traçado – pode -se resumir: não nos pode retirar uma convicção: “ a política é essencial”. Por isso, se escreve : “uma sociedade que a despreze expõe-se a graves riscos”.
Importa, então, na opinião dos melhores entendidos, que se tenha em conta quão urgente é urgente reabilitar a política e repensá-la em todos os seus domínios: educação, família, economia, ecologia, cultura, saúde, protecção, social, justiça … De modo que haja uma efectiva relação activa, entre a política e a vida quotidiana dos cidadãos.
Por último e para prestígio da política, também não contribuem nada – antes pelo contrário! – os “casos” em que alguns elementos da “classe” política se deixam enredar. Estes casos facilitam a generalização da suspeita, assim traduzida: “ a política reduz-se à mera gestão de “dossiers” complexos, à solução de conflitos de interesse, à regularização de egoísmos corporativos ou de bairro, e à sujeição à lógica do aparelho partidário. Abrem-se pois, as portas ao renascimento de ideologias extremistas, especialistas em esgrimir com temas demagógicos.
Finalizando, apontamn-se mais 4 objectivos a atingir:
1 - Ajudar as pessoas e os grupos a viver em sociedade ,e em que cada ser humano reconheça todos os outros como irmãos e os trate como tais.
2 - Construir o bem comum, que é muito mais que a soma dos interesses particulares.
3 - Dominar a violência que está no coração da condição humana humana e que tem de ser substituída.
4 - Valorizar o compromisso político, considerando mesmo que esta é uma tarefa inadiável. Denunciar a corrupção não é, pois, condenar a política como um todo, nem justificar o cepticismo e o absentismo.