Todos os dias o Governo decide. Quero dizer, “descide” e reincide. Com uma pressa inusitada. Umas vezes a reboque do BE, nas questões fracturantes, não vá o diabo tecê-las. Outras vezes, numa mistura de algum revanchismo e precipitação, como é o caso das medidas sobre avaliações no sistema público de educação (sobre estas conto escrever um post). Outras ainda, acelerando o ritmo da reversão de algumas medidas de austeridade fiscal e de rendimentos, mesmo que ainda sem Orçamento para 2016. Além disso, apressa-se a eliminar o quociente familiar no IRS. E os feriados aí estão, frescos e repristinados, com a ironia de esta união das esquerdas incluir os religiosos. Também sem sabermos quanto é que nos calha pagar, o Executivo tenta manter a TAP maioritariamente nas mãos do Estado e reverte as subconcessões na área de transportes. Rápido foi também na resolução do BANIF sobre a qual, porém, se deve aguardar o resultado da Comissão Parlamentar de Inquérito para dilucidar muitas dúvidas e algum nevoeiro explicativo.
Não discuto a bondade de algumas destas tomadas de posição, em particular a progressiva eliminação da sobretaxa no IRS e a reposição dos salários na função pública, bem como a redução em 50% da CES sobre os pensionistas (a única que coincida nos programas do PS e do PàF). Ou o aumento do salário mínimo nacional.
Fui crítico de muitas medidas injustas tomadas pelo Governo de Passos Coelho. No entanto, o que me parece é que, agora, tudo está a ser feito com óbvia correria e ligeireza, com aquele sabor populista e algo ingrato para o anterior Governo, que, concorde-se ou não, permite agora a Costa a habilidosa reversão de decisões que foram tomadas no âmbito de um programa de ajustamento (por sua vez, imposto por uma anterior governação socialista). Entretanto, Sampaio da Nóvoa agradece e Marcelo Rebelo de Sousa tacticamente acompanha. A Europa está cautelosamente apreensiva e os investidores desconfiam sobre o modo como o Estado age entre Governos, ziguezagueando entre decisões e “desdecisões”.
O resto, o difícil e estrutural, aguarda. Talvez siga dentro de momentos, depois de esgotado o foguetório e a publicidade das boas medidas.
Nesta propaganda, incute-se a ideia que, de um lado, estão os bons, do outro lado, os maus, ou seja a nova versão maniqueísta da política portuguesa. E se alguma medida menos simpática for tomada, a culpa não será deste Governo dos bons, mas antes dos maus. Um acordo para governar tão impressivamente gizado na generosidade dos bons, mas com a necessidade de obter a condescendência dos maus para o que não interessa aos bons (como no Orçamento rectificativo).
Quando comecei a convencer-me que o liberalismo de inspiração anglo-saxónica - a chamada democracia-liberal - não estava a dar bons resultados em Portugal, e não iria dar bons resultados no futuro, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista social e político, fiz aquilo que me parecia racional fazer: "Esquece tudo o que aprendeste, e começa de novo".
Neste recomeço, no sentido de saber qual o regime mais adequado para o nosso país - económico, social e político - comecei por aquele domínio que me é mais familiar - a economia. E voltei a estudar a história económica de Portugal, dando ênfase ao período do Estado Novo, por ser o mais recente. A performance económica do Estado Novo não pode deixar de impressionar um economista.
O passo seguinte foi o de me interrogar que segredos conduziram o Estado Novo a uma performance económica tão extraordinária - a melhor da Europa durante o seu tempo de vida. Como a doutrina do Estado Novo se baseia essencialmente na doutrina de um único homem, o passo seguinte foi o de estudar o pensamento de Salazar à procura das soluções do mistério.
No final desse estudo, aquilo que mais me impressionou no pensamento de Salazar não foi nem a sua doutrina económica, nem o seu pensamento político. Foram, antes, pequenas observações, dispersas aqui e ali nos seus discursos e entrevistas acerca do povo português. Postas em conjunto, elas davam uma teoria acerca do povo português, uma ciência do Ser Português. Passei a acreditar na tese de que Salazar conhecia muito bem as características culturais do povo português e que o seu segredo consistiu em construir um regime económico e político adaptado a essas características e às circunstâncias da época. Salazar era um homem muito inteligente e arguto - uma qualidade que ele também reconhecia aos portugueses (a inteligência rápida). Aquilo que ainda hoje impressiona nele é que, praticamente sem nunca ter saído de do país e sem os meios de informação que hoje existem, ele possuía um conhecimento extraordinário do país e dos portugueses, e da cena internacional, incluindo as correntes filosóficas e políticas dominantes no estrangeiro. Como o pensamento de Salazar nos foi transmitido sobretudo por entrevistas e discursos, e não por trabalhos académicos que mencionem as fontes, é, por vezes difícil descortinar as fontes e os autores em que ele formou o seu pensamento. Para mim foi um grande prazer ter descoberto recentemente que esse extraordinário conhecimento que ele possuía do povo português se fundava, em grande parte, num pequeno livro publicado em 1915 por Teixeira de Pascoais (1877-1952), o poeta de Amarante - Teixeira de Pascoaes
Embora esteja certamente generalizada e suficientemente assimilada, o termo “nova evangelização”, continua o mesmo a ser recente no universo da reflexão eclesial e pastoral, e por isso com um significado nem sempre claro e consensual.
Tempo de “nova evangelização”
“Nova Evangelização”: o significado de uma definição
«Como acreditarão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem o anuncie?» (Rm. 10, 14)5.
“Nova Evangelização” e demanda de espiritualidade
Este esforço por trazer a questão de Deus para dentro dos problemas do homem de hoje, intercepta o retorno da necessidade religiosa e a procura da espiritualidade que a partir das novas gerações emerge com renovado vigor. As mudanças de cenário que analisamos atéeste ponto não podiam não exercer influencia também sobre o modo como os homens deram voz e corpo ao seu sentido religioso. A própria Igreja Católica éafectada por este fenómeno, que oferece recursos e oportunidades de evangelização inesperadas háalgumas décadas. Os grandes encontros mundiais da juventude, as peregrinações aos lugares de culto antigos e modernos, a primavera dos movimentos e dos grupos eclesiais são o sinal visível de um sentimento religioso que não se apagou. A “nova evangelização”, neste contexto, exorta a Igreja a saber discernir os sinais do Espírito na acção, dirigindo e educando as suas expressões, em vista de uma féadulta e consciente «atéchegar àmedida da plenitude de Cristo» (Ef. 4, 13)2. Além dos grupos recentemente nascidos, fruto promissor do Espírito Santo, uma grande tarefa na nova evangelização diz respeito àvida consagrada nas suas antigas e novas formas. Recordemos que nos dois mil anos de cristianismo todos os grandes movimentos de evangelização estiveram ligados a formas de radicalismo evangélico.
Neste contexto, insere-se o encontro e o diálogo com as grandes tradições religiosas, especialmente as orientais, que a Igreja aprendeu a viver nas últimas décadas, e continua a intensificar. Este encontro apresenta-se como uma óptima ocasião para conhecer e comparar a forma e as linguagens da questão religiosa tal como se apresenta nas outras experiências religiosas. Isso permite ao catolicismo de compreender com maior profundidade as formas com as quais a fé cristã escuta e assume a questão religiosa de cada homem.
Pintei este crucifixo e ofereci-o à Igreja, mas tenho dúvidas que os políticos possam servir-se de Deus em campanhas eleitorais! António Reis Luz
William Douglas
Artigo 1
DEUS NA POLÍTICA: CRISTÃO VOTA EM CRISTÃO?
William Douglas, professor de Direito Constitucional e escritor.
Multiplicam-se as críticas à citação de Deus na política. A primeira crítica é que por ser o Estado laico, não deve haver referência à religião. Tese errada. Estado laico é aquele que não opta por uma linha religiosa em detrimento das outras. Logo, excluir Deus do cenário não é ser laico, é ser estado confessional ateu. Os ateus são bem-vindos, mas os cristãos idem.
Em eleições anteriores quiseram depreciar Dilma por ser ateia, e isso foi criticado. Agora querem depreciar Marina por ser da Assembleia de Deus, e tem que haver igual repulsa por tal viés de preconceito religioso. Cada candidato(a) deve ser avaliado(a) pelo "conjunto da obra". A orientação religiosa não é o suficiente para escolher ou rejeitar um candidato, mas também não é correto ignorar que tal orientação indica valores. É legítimo que uma pessoa escolha um candidato cujos valores coincidam com os seus.
O fato é que há movimentos querendo impedir que haja bancadas ou voto com base no viés religioso. Repito: querer calar quem fala em Deus é mordaça, e querer colocar tais assuntos restritos ao interior dos templos é criar guetos. Isto não é admissível em uma democracia nem no Estado laico. Gueto é coisa de nazistas.
As pessoas escolhem seus candidatos como querem: por serem do Vasco ou do Flamengo, por serem ruralistas, ou gays, ou artistas, até palhaços admitem sem nenhuma grita (e Tiririca me fez sorrir, pois não se soube de ter recebido nada ilícito nos últimos quatro anos. Parabéns para ele). O que se insinua é que as pessoas podem escolher votar por qualquer motivo, menos pela fé. Isso tem nome: preconceito, perseguição religiosa, violação dos direitos humanos.
Outra crítica é feita à enorme quantidade de candidatos padres e pastores. Vi charges com Deus "dizendo" que Ele não autorizou o uso de Seu nome. Aí, me perdoem, mas parece haver um equívoco: o problema não é citar Deus, o problema é citá-Lo sem seguir Suas orientações. O problema não é pastor ou padre candidato, mas sim se ele se comporta, ou não, de acordo com a fé que diz professar. A Bíblia diz "aparte-se da iniquidade todo aquele que professa o nome do Senhor" (2 Timóteo 2.19).
Eu quero candidatos que se apartem da iniquidade. Se for para seguir esse único versículo da Bíblia, já terá o meu voto. Ele não receberá propina nem dará contratos para amigos e parentes, não deixará superfacturarem obras e não escolherá para os cargos apenas os apadrinhados (que, por não precisarem estudar nem trabalhar, em geral são incompetentes).
O desafio de cada cristão eleitor é evitar aquele que APENAS DIZ que é cristão, é achar e votar naquele que se COMPORTA como cristão. Não basta o rótulo. As Escrituras trazem exemplos de governantes que foram sábios pela ajuda de Deus: José do Egito, Salomão, Daniel, Neemias. São ótimos exemplos para o Brasil de hoje. Li que um pedido de pastores era o veto de uma lei que impedia som alto depois das 22 horas. Não sei se é verdade, mas se for, alerto: não é para isso que precisamos de cristãos na política. Não é para cuidar de interesses menores, ou pessoais, ou para ter o direito de incomodar terceiros.
O cristão, como qualquer cidadão, vota pelos motivos que bem quiser. Se quiser votar em cristão, isso é um direito. O que mais falta hoje na política e no governo são valores que a Bíblia recomenda: honestidade, justiça, serviço ao próximo, repúdio à defraudação. São valores que diversos não cristãos também acalentam. Logo, que todos escolham quem demonstra seguir tais valores, que todos votem em quem se comporta com decência.
Não cristãos não podem querer impedir que cristão vote em cristão, assim como seria errado um cristão querer impedir que ateu vote em ateu, ou ruralista em ruralista, ou ativista em ativista. E cristãos e não cristãos irão bem melhor se seguirem os valores que tantos ateus e teístas de todas as sortes defendem: governantes honestos, que sirvam ao público ao invés de se servirem do público. Eu sou cidadão e voto como quiser. Usando este direito, escolho votar em quem se comporta como cristão.