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O ENTARDECER

O ENTARDECER

OS NÚMEROS DA FOME

Verdadeiro murro no estômago deste país de faz-de-conta, a publicação dos números da fome. Afinal, há um outro e imenso Portugal. Paredes-meias com o país oficial, urbano, e festivo  

Porém, longíssimo dele.estão dois milhões de pobres. Dos quais, pelo menos duzentos mil morrem de fome…

Duzentos mil que nada têm de abstrato. Duzentos mil que são gente.

Em cada um, há um pouco de todos os outros. Mas percebê-lo implica consciência, sensibilidade, responsabilidade. Sendo manifesto que nada de essencial mudará enquanto, coletivamente, não nos forçarmos a reconhecer a exata medida em que a sua desventura radica no nosso fracasso.

O progresso feito à custa da pobreza e da exclusão de tantos deve ser-nos intolerável. Autêntica e politicamente intolerável.

O sentido dessa intolerância obriga, aliás, a alterações profundas do “status quo”. Nomeadamente, ao nível da própria agenda política.

Com efeito, entre nós e em geral no primeiro mundo, há muito que a pobreza e a fome não constituem preocupação das forças políticas vocacionadas para o exercício do poder. Os níveis de bem-estar e conforto alcançados parecem ter implicado uma natural superação de tais temáticas. O fenómeno é olhado como algo residual, emergindo apenas em determinadas bolsas de maior dificuldade social (urbana, industrial e, mais recentemente, até rural), sem qualquer influência na discussão dos modelos de desenvolvimento preconizados.

Em relação à pobreza há mesmo algo de profundamente reacionário na política contemporânea. Porque esta assume o determinismo - sempre houve e sempre haverá pobreza. E, portanto, tomando-a como inevitabilidade histórica, qualquer proposta de combate surge como algo politicamente vão e inconsequente.

Ora, a partir deste caldo cultural, a pobreza é remetida para as franjas da discussão política. E, frequentemente, fica mesmo às portas da intervenção institucional.

Assim, uma certa esquerda, extremista e revolucionária, tem-se arrogado o exclusivo. O discurso ao primário, assente na habitual vulgata anticapitalista (e, com os anos, por decorrência, também antiglobalização), eivado de ataques e crí­ticas, mas geralmente incapaz de qualquer contributo sério para a solução Assumem uma pretensa ideologização da questão, sustentando que só a esquerda tem condições para a efetiva refutação da pobreza, já que a direita, ao recusar um paradigma igualitário, fomenta, intrinsecamente, a iniquidade e o desequilíbrio.

Num registo diferente, para lá das fronteiras da política oficial, o tema da pobreza mobiliza outras militâncias. Mas sempre numa lógica marginal.

Das várias instituições de solidariedade social As mais diversas organizações ad hoc, passando pelo decisivo papel da Igreja Católica, É facto que se consolidaram, um pouco por toda a parte, redes de apoio que acodem, numa abordagem de proximidade, às situações mais dramáticas (A <quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma e quem tem mantimentos faz o mesmo», Lc 3,11). Contudo, fazem-no sem nunca desafiar o sistema, sem nunca o pôr em causa em causa. Como que agindo num quadro de necessidade, cujo sentido jamais questionam.

Portanto, entre a ausência de influência dessa esquerda anacrónica e o estatuto apolítico desta malha de solidariedade, a pobreza fica entregue a si própria. Politicamente não existe. Não se faz causa, não é bandeira. A esquerda já reconhece e, por isso, estiola. A direita, pior, ignora-a e, assim, claudica.

No arco do poder, a demissão política é então, total e escandalosa.

Como poucos, o tema interpela, convoca e responsabiliza. Mas a verdade É que os atores do momento não reagem. Aqui e ali, se o pretexto surge, o apelo parece dirigido ao bom coração de cada um. Mas nada mais. Como se fosse matéria de corações!

E o silêncio pesa. Tal é o deserto de ideias e de propostas de ação.

Condenado à abundância e incapaz de resolver a necessidade mais extrema, o mundo parece resignado a conviver com os seus pobres.

Mas se a política pode ser sonho, vale a pena pensar no dia em que o incómodo daqueles que pagam impostos e legitimam governantes se fará ouvir. O dia em que todos, homens e mulheres de reta intenção, levantaremos a voz para denunciar a falácia de uma democracia que condescende com insuportáveis carências básicas.

Porque, nesse dia, os 200.000 sentar-se-ão à nossa mesa. E nós, pelo exercício da exigência responsável, teremos, enfim, recuperado a nossa dignidade essencial.

Sofia Galvão

BASÓFIAS

 

 Em Português, o termo significa gabar-se de talentos, capacidades e coisas diversas com grande exagero e, por vezes, com pouca verdade.

Exemplo“, o desemprego “poupa”, 251 milhões de euros. Dado que o valor dos apoios caiu mais do que o previsto pelo executivo. Fala-se, evidentemente, na despesa da Segurança Social de 2016, com o subsídio de desemprego face a 2015. Estes termos de comparação, de tão repetidos, já nos são familiares; “ O governo anterior” ou “ de 2015 para 2016”.

Tudo isto, não passa de uma ideia fixa! Uma ideia fixa impregnada de politiquice. Está bem de ver, logo sem grande virtude. Pensemos assim: Os 251 milhões são bons ou maus? Logo à partida e com enorme simplicidade, é assim:

1 - Se forem Funcionários públicos é bom, pois a produtividade é a mesma e a despesa da Segurança Social é menor, portanto fica dinheiro em caixa. Se é que há segurança social na Função Pública!

2 – Se for na actividade privada já é difícil concluir com facilidade: A produtividade diminui e a despesa, quando comparada com a produtividade, pode representar tanto um ganho como uma perda! Depende por exemplo, de constituir exportação ou, simplesmente, um produto de grande oferta no mercado nacional.

Chamando para isto, o maior produto deste País, o “futebol”, criemos então a seguinte imagem:

  1. a) Um jogador que galga o campo todo, fintando adversários para, em cima da baliza, dar a bola a um colega para este a empurrar e fazer um golo simples. De quem foi o mérito maior?

Consta que a taxa de desemprego chegou a Dezembro em 10,2% e o montante dos subsídios orçamentados desceu para 14,3% face ao ano anterior. Então, aqui aparentemente temos um ganho?

Se o montante desceu porque emigraram milhares de portugueses, estes deixaram de dar despesa em Portugal e, normalmente, poupam e mandam para Portugal as suas poupanças. Isto é óptimo. Por ser riqueza que entra e vai equilibrar a nossa balança de pagamentos.

Estas confusões são o “prato do dia” dos políticos, mais preocupados em manter o “tacho”, do que defender o “bem comum”, “e o interesse público”, etc. Para tal jogam com os números a seu belo prazer fazendo a cabeça dos votantes. A comunicação social, parece entrar neste jogo endiabrado!   


"Todos os dados estão interligados. O céu e a terra, ar e água também. Todos são, uma só coisa; não quatro, e não duas, e não três, mas uma. Se não estiverem juntos, há apenas uma peça incompleta." Paracelso

 

 

 

Uma parábola do evangelho

 

Numa certa parábola do Evangelho podemos ler: “Quando fores convidado vai-te sentar no último lugar, e assim, quando vier aquele que te convidou, dir-te-á: “amigo sobe muito mais para a frente”.

Tudo o que de bom acontece algures, traz, quase sempre, a marca de um homem que dedicou a sua vida, numa absoluta entrega, à resolução dos problemas da sua terra ou da sua gente, fossem eles, de que cariz fosse. Hoje, normalmente, estes homens são esquecidos ou, maltratados de toda a forma.

É contudo no domínio do social que mais se admira a grandiosidade de uma obra. Porque no desempenho de funções cada vez se percebe melhor a fragilidade da sociedade que temos, face à gravidade dos problemas sociais existentes.

Na passagem do “Ano Internacional do Idoso” (1999) sentirmo-nos profundamente chocados ao constatar que à medida que subia a esperança de vida, naturalmente subia o número de idosos, mas a capacidade de resposta por parte dos poderes instituídos, era pouco mais do que nula.

Naturalmente que não vale a pena apontar o dedo aos verdadeiros responsáveis, mas choca perceber que os responsáveis em governação, mais não poderão fazer que, pesando o mal menor, despejar os custos da bancarrota, também nos mesmos idosos. E, antolhá-los numa austeridade indigna! Roubar-lhes as reformas que pagaram!

É exatamente no domínio do amor, carinho, cuidados de saúde, físicos e morais, que um simples resguardo de conforto, para amnistiar tanto sofrimento, traria um pouco de agrado aos nossos idosos. Temos de sonhar todos os dias, porque se choras que a noite não tem sol, então as lágrimas não nos deixarão ver as estrelas!

O tempo não poderá apagar obras de grande envergadura social. O barco não poderia navegar se uma só amarra ainda o prendesse à margem.

 

.

BASTANTE DESANIMADOR!

Não há uma sem duas….

Nem duas sem três  ou …quatro ….

1 º O pesadelo escolar

O Estado não tem dinheiro para mandar reparar escolas onde chove nas salas ou onde os alunos tremem de frio e ninguém se espanta. O Estado, aliás, está agarrado a contratos leoninos com a “Parques Escolar” em 69 escolas onde gasta mais de 40 milhões por mês, apesar de ser notório o incumprimento da outra parte, mas já nem o BE ou o PCP se incomodam.

A secretária de Estado Alexandra Leitão tem feito um esforço meritório para enfrentar os problemas, mas a herança deixada pela megalomania dos governos de Sócrates não deixa grande margem. A “festa”, como dizia a ex e incompetente ministra Lurdes Rodrigues sobre a Parques Escolar, acabou em pesadelo.

CM- Eduardo Dâmaso

2 º “200 Escolas precisam de obras com urgência”

CM – Há muitas escolas em Portugal com problemas?  

AR- _ Existem mais de 200 escolas a nível nacional a necessitarem de obras com urgência, de forma a evitar tragédias. Além disso, se investissemos na sua requalificação, evitava-se a emigração de milhares trabalhadores da construção.

CM – Qual a importância do investimento do Estado na requalificação das escolas para o sector da construção?

-Com a requalificação do Parque Escolar, evitava-se que mais de 10 mil trabalhadores saíssem do País. Se o sector da construção é tão importante, como apregoa o primeiro-ministro, então vamos apostar nele e na preservação do património do Estado que é de todos?

AR- É claro que quando me refiro a obras em 200 escolas sei que não é possível serem realizadas todas ao mesmo tempo. É necessário começar por aquelas em que o estado de degradação é mais visível e depois nas outras, de forma faseada. O dinheiro é público e tem de ser bem aplicado.

Presidente do Sindicato da Construção de Portugal - AR

3 ª Paixão pela educação

A degradação para além do admissível do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, tem anos. Mas só na semana passada mereceu atenções nacionais e até teve honras de discussão parlamentar. Já, estamos, infelizmente habituados a estes números de inspiração circense, mas não deixou de surpreender todos falarem sem corar de vergonha. O PSD foi responsável por adiar as obras e, sobretudo, por não mais ter retomado o assunto. O PS  já está no poder há tempo suficiente e em Setembro até teve o alerta e a disponibilidade para negociar com Rui Moreira, mas fez o mesmo que o antecessor; preferiu manter o assunto atolado na burocracia do que iniciar as obras.

Catarina Martins não se indignou: visitou a escola, viu que chovia nas salas mas conformou-se a escrever nas redes sociais que “a solução pode estar num protocolo por assinar entre o governo e autarquia para aproveitar fundos europeus.” Todos apaixonados pela Educação. Portanto.

Apesar de ser um edifício classificado, com as janelas partidas, os tetos a cair e os ratos a passear, como escrevia Pacheco Pereira, antigo aluno do Herculano, nada feito. Agora parece que vai ser. Mas só acredito quando vir,. No Herculano e em todas as outras escolas que estão em situações semelhantes.

CM – Rui Hortelão 

AFINAL AINDA HÁ QUATRO

4.º - OS AMANTES DO SOCIALISMO!

PORTUGAL DESEMBOLSA 7380 MILHÕES EM JUROS

- Só a Troika lucrou 1845 milhões de euros em prémio pelo resgate financeiro ao País.

- Valor dá para pagar cinco meses de salário a todos os funcionários públicos

Os juros foram uma das maiores facturas que Portugal teve de suportar no ano passado. Foram 7380 milhões de euros no ano de 2016 não para pagar a dívida, mas apenas para liquidar juros dos empréstimos. O suficiente para garantir cinco meses de salários na Função Pública, custando 738 euros a cada português.

A dívida portuguesa atingiu, no final de Setembro passado, 244 mil milhões de euros, o maior valor desde que há registo, segundo o Eurostat.  Se os portugueses fossem chamados a pagá-la , cada um teria de desembolsar cerca de 24 mil euros.

Face à riqueza do País, só a Grécia regista piores resultados do que Portugal.  TEMOS UMA DÍVIDA IMPAGÁVEL!

CM - 24-01-2017

 

          

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