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O ENTARDECER

O ENTARDECER

O ZÉ POVINHO

 

Rafael Bordalo Pinheiro, vai a caminho de dois séculos, sentiu absoluta necessidade de criar uma “figura” bem representativa do português comum.

Ficou tal figura conhecida até aos nossos dias por Zé Povinho.

De calças remendadas e botas rotas, é a eterna vítima dos partidos apesar de ir dando a vitória ora a um, ora a outro.

O sucesso obtido foi tão grande que Bordalo acabou por recriar no barro, em tinteiros, cinzeiros e apitos, a figura símbolo do povo português, lado a lado com a inseparável Maria da Paciência, velha alfacinha alcoviteira.

Desde então é o “Zé Povinho, que motivado única e simplesmente pelo interesse comunitário, trabalha em prol das suas actividades, sejam elas religiosas, profanas ou culturais.

É o Zé Povinho que sem estudos e diplomas, após um dia de trabalho árduo vai à igreja, ao clube para reunir, planear e organizar procissões e festas etc.

Entretanto vai-nos dizendo: “ aguento como posso, e quando as coisas me irritam, encho-me de força, de tal forma que já me quiseram chamar Maria da Fonte. Mas eu acho que sou apenas eu - o POVO.”

 

 

 

 

                              

 

                 O meu nome é Zé Povinho, pois então.

   “Represento, na perfeição, todas as características do nosso povo sejam elas boas ou más.”

 

 

 

MOÇAMBIQUE 1875/1975

 

José Manuel Fernandes – Maria de Lurdes Janeiro – Olga Iglésias Neves -

Inicialmente, e quase até ao fim do século XVIII,  Moçambique fez parte da ponte marítima que ligava Portugal à Índia na rota do Cabo.  Foi quase uma colónia da Índia portuguesa. As raízes do comércio indiano dos baneanes de Gujarat com Moçambique precedem a chegada dos Portugueses. Traficavam em marfim, ouro e escravos. Em troca a Índia dava-lhes coral e peças de algodão. Pedro Machado e Eugénia Rodrigues são os investigadores portugueses mais novos que têm estado a actualizar essa ligação.   José Capela deixou-nos anteriormente obras que permitem acompanhar  a penetração indiana no Moçambique. A sua obra Donas, Senhores e Escravos (1996) é particularmente interessante. O papel de Manuel António de Sousa ainda daria para um filme. Este irriquieto ex-seminarista e dono de aringas, mereceu uma estátua à entrada da vila de Mapuça, sua terra natal em Goa na fase final do regime colonial em Goa. Não teve mais sorte do que na África. Caiu vitima dos combatentes da liberdade em Goa que lhe explodiram a estátua por ter servido o regime colonial. Centenas de médicos e enfermeiros goeses arriscaram as suas vidas para tornar Moçambique (e não só Moçambique) colonizável pelos Portugueses após a independência do Brasil. Não teríamos urbanismo de nomear sem essa fase “suja”  de “pacificação” em que o envolvimento dos médicos goeses deixou a sua marca. Para além dos médicos eram os padres goeses do Padroado, que tomaram conta da missionação em Moçambique, particularmente após a extinção das ordens religiosas. Foi assim que a salvação chegou pelos pobres aos pobres, se entendemos bem o que escrevia um jesuíta português António Gomes, queixando-se dos seus compatriotas religiosos e leigos: ” .. Quem diz que os Cafres são brutos para as couzas de Deus hé grande engano, faltam-lhe vizinhos a quem imitar”. Um dos primeiros goeses nomeados bispos, era o D. Altino Ribeiro de Santana, que começou o seu múnus pastoral em Sá da Bandeira em 1953  e foi transferido a seguir para Beira. A sua fidelidade ao regime não lhe mereceu a cooperação dos clérigos portugueses mais virados contra o regime colonial! Calculava mal o historiador-geográfo Orlando Ribeiro quando se pronunciou negativamente sobre a questão da nomeação dos goeses para bispados na África portuguesa no seu Goa em 1956 – Relatório ao Governo. Não foram os bispos goeses que contrariaram os interesses políticos do Estado Novo! Fica muita história do Moçambique por ser contada, incluindo o papel de Aquino Bragança que dedicou a sua vida ao Moçambique até ao fim, ao lado de Samora.

O presente volume da autoria de  José Manuel Fernandes, Maria de Lurdes Janeiro e Olga Iglésias Neves, e ilustrado por João Loureiro merece o nosso aplauso e apreciação pelo enriquecimento que traz para a historiografia e estudos de urbanismo e de arquitectura do Moçambique, durante o período 1875-1975.  Um índice alfabético remissivo é uma lacuna que poderá ser preenchida numa segunda edição.

 

 

UM ESPOLIADO

E se não tivesse havido ponte aérea?

 

Espoliado

Velho e dobrado sobre o cajado,
Segue... a esmolar o pão da vida!
-Parece uma virgula mal metida
Num parágrafo mal articulado.

Foi soldado e comerciante honrado
Na Pátria plural que foi concebida
D'honra e sangue da Geste convencida
Da justeza do Espaço conquistado

Espoliado... Retornado e só...
- Torrão de lama a virar em pó!
Perdeu o sol e o Direito do chão...

- É trapo da bandeira... e caravelas
Chegadas ao cais e arreadas as velas
Por ventos de Leste... e Alta traição!

CAMPOS ALMEIDA

 

 

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