Verdadeiro murro no estômago deste país de faz-de-conta, a publicação dos números da fome. Afinal, há um outro e imenso Portugal. Paredes-meias com o país oficial, urbano, e festivo
Porém, longíssimo dele.estão dois milhões de pobres. Dos quais, pelo menos duzentos mil morrem de fome…
Duzentos mil que nada têm de abstrato. Duzentos mil que são gente.
Em cada um, há um pouco de todos os outros. Mas percebê-lo implica consciência, sensibilidade, responsabilidade. Sendo manifesto que nada de essencial mudará enquanto, coletivamente, não nos forçarmos a reconhecer a exata medida em que a sua desventura radica no nosso fracasso.
O progresso feito à custa da pobreza e da exclusão de tantos deve ser-nos intolerável. Autêntica e politicamente intolerável.
O sentido dessa intolerância obriga, aliás, a alterações profundas do “status quo”. Nomeadamente, ao nível da própria agenda política.
Com efeito, entre nós e em geral no primeiro mundo, há muito que a pobreza e a fome não constituem preocupação das forças políticas vocacionadas para o exercício do poder. Os níveis de bem-estar e conforto alcançados parecem ter implicado uma natural superação de tais temáticas. O fenómeno é olhado como algo residual, emergindo apenas em determinadas bolsas de maior dificuldade social (urbana, industrial e, mais recentemente, até rural), sem qualquer influência na discussão dos modelos de desenvolvimento preconizados.
Em relação à pobreza há mesmo algo de profundamente reacionário na política contemporânea. Porque esta assume o determinismo - sempre houve e sempre haverá pobreza. E, portanto, tomando-a como inevitabilidade histórica, qualquer proposta de combate surge como algo politicamente vão e inconsequente.
Ora, a partir deste caldo cultural, a pobreza é remetida para as franjas da discussão política. E, frequentemente, fica mesmo às portas da intervenção institucional.
Assim, uma certa esquerda, extremista e revolucionária, tem-se arrogado o exclusivo. O discurso ao primário, assente na habitual vulgata anticapitalista (e, com os anos, por decorrência, também antiglobalização), eivado de ataques e críticas, mas geralmente incapaz de qualquer contributo sério para a solução Assumem uma pretensa ideologização da questão, sustentando que só a esquerda tem condições para a efetiva refutação da pobreza, já que a direita, ao recusar um paradigma igualitário, fomenta, intrinsecamente, a iniquidade e o desequilíbrio.
Num registo diferente, para lá das fronteiras da política oficial, o tema da pobreza mobiliza outras militâncias. Mas sempre numa lógica marginal.
Das várias instituições de solidariedade social As mais diversas organizações ad hoc, passando pelo decisivo papel da Igreja Católica, É facto que se consolidaram, um pouco por toda a parte, redes de apoio que acodem, numa abordagem de proximidade, às situações mais dramáticas (A <quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma e quem tem mantimentos faz o mesmo», Lc 3,11). Contudo, fazem-no sem nunca desafiar o sistema, sem nunca o pôr em causa em causa. Como que agindo num quadro de necessidade, cujo sentido jamais questionam.
Portanto, entre a ausência de influência dessa esquerda anacrónica e o estatuto apolítico desta malha de solidariedade, a pobreza fica entregue a si própria. Politicamente não existe. Não se faz causa, não é bandeira. A esquerda já reconhece e, por isso, estiola. A direita, pior, ignora-a e, assim, claudica.
No arco do poder, a demissão política é então, total e escandalosa.
Como poucos, o tema interpela, convoca e responsabiliza. Mas a verdade É que os atores do momento não reagem. Aqui e ali, se o pretexto surge, o apelo parece dirigido ao bom coração de cada um. Mas nada mais. Como se fosse matéria de corações!
E o silêncio pesa. Tal é o deserto de ideias e de propostas de ação.
Condenado à abundância e incapaz de resolver a necessidade mais extrema, o mundo parece resignado a conviver com os seus pobres.
Mas se a política pode ser sonho, vale a pena pensar no dia em que o incómodo daqueles que pagam impostos e legitimam governantes se fará ouvir. O dia em que todos, homens e mulheres de reta intenção, levantaremos a voz para denunciar a falácia de uma democracia que condescende com insuportáveis carências básicas.
Porque, nesse dia, os 200.000 sentar-se-ão à nossa mesa. E nós, pelo exercício da exigência responsável, teremos, enfim, recuperado a nossa dignidade essencial.
Em Português, o termo significa gabar-se de talentos, capacidades e coisas diversas com grande exagero e, por vezes, com pouca verdade.
Exemplo“, o desemprego “poupa”, 251 milhões de euros. Dado que o valor dos apoios caiu mais do que o previsto pelo executivo. Fala-se, evidentemente, na despesa da Segurança Social de 2016, com o subsídio de desemprego face a 2015. Estes termos de comparação, de tão repetidos, já nos são familiares; “ O governo anterior” ou “ de 2015 para 2016”.
Tudo isto, não passa de uma ideia fixa! Uma ideia fixa impregnada de politiquice. Está bem de ver, logo sem grande virtude. Pensemos assim: Os 251 milhões são bons ou maus? Logo à partida e com enorme simplicidade, é assim:
1 - Se forem Funcionários públicos é bom, pois a produtividade é a mesma e a despesa da Segurança Social é menor, portanto fica dinheiro em caixa. Se é que há segurança social na Função Pública!
2 – Se for na actividade privada já é difícil concluir com facilidade: A produtividade diminui e a despesa, quando comparada com a produtividade, pode representar tanto um ganho como uma perda! Depende por exemplo, de constituir exportação ou, simplesmente, um produto de grande oferta no mercado nacional.
Chamando para isto, o maior produto deste País, o “futebol”, criemos então a seguinte imagem:
a) Um jogador que galga o campo todo, fintando adversários para, em cima da baliza, dar a bola a um colega para este a empurrar e fazer um golo simples. De quem foi o mérito maior?
Consta que a taxa de desemprego chegou a Dezembro em 10,2% e o montante dos subsídios orçamentados desceu para 14,3% face ao ano anterior. Então, aqui aparentemente temos um ganho?
Se o montante desceu porque emigraram milhares de portugueses, estes deixaram de dar despesa em Portugal e, normalmente, poupam e mandam para Portugal as suas poupanças. Isto é óptimo. Por ser riqueza que entra e vai equilibrar a nossa balança de pagamentos.
Estas confusões são o “prato do dia” dos políticos, mais preocupados em manter o “tacho”, do que defender o “bem comum”, “e o interesse público”, etc. Para tal jogam com os números a seu belo prazer fazendo a cabeça dos votantes. A comunicação social, parece entrar neste jogo endiabrado!
"Todos os dados estão interligados. O céu e a terra, ar e água também. Todos são, uma só coisa; não quatro, e não duas, e não três, mas uma. Se não estiverem juntos, há apenas uma peça incompleta." Paracelso
Numa certa parábola do Evangelho podemos ler: “Quando fores convidado vai-te sentar no último lugar, e assim, quando vier aquele que te convidou, dir-te-á: “amigo sobe muito mais para a frente”.
Tudo o que de bom acontece algures, traz, quase sempre, a marca de um homem que dedicou a sua vida, numa absoluta entrega, à resolução dos problemas da sua terra ou da sua gente, fossem eles, de que cariz fosse. Hoje, normalmente, estes homens são esquecidos ou, maltratados de toda a forma.
É contudo no domínio do social que mais se admira a grandiosidade de uma obra. Porque no desempenho de funções cada vez se percebe melhor a fragilidade da sociedade que temos, face à gravidade dos problemas sociais existentes.
Na passagem do “Ano Internacional do Idoso” (1999) sentirmo-nos profundamente chocados ao constatar que à medida que subia a esperança de vida, naturalmente subia o número de idosos, mas a capacidade de resposta por parte dos poderes instituídos, era pouco mais do que nula.
Naturalmente que não vale a pena apontar o dedo aos verdadeiros responsáveis, mas choca perceber que os responsáveis em governação, mais não poderão fazer que, pesando o mal menor, despejar os custos da bancarrota, também nos mesmos idosos. E, antolhá-los numa austeridade indigna! Roubar-lhes as reformas que pagaram!
É exatamente no domínio do amor, carinho, cuidados de saúde, físicos e morais, que um simples resguardo de conforto, para amnistiar tanto sofrimento, traria um pouco de agrado aos nossos idosos. Temos de sonhar todos os dias, porque se choras que a noite não tem sol, então as lágrimas não nos deixarão ver as estrelas!
O tempo não poderá apagar obras de grande envergadura social. O barco não poderia navegar se uma só amarra ainda o prendesse à margem.
O Estado não tem dinheiro para mandar reparar escolas onde chove nas salas ou onde os alunos tremem de frio e ninguém se espanta. O Estado, aliás, está agarrado a contratos leoninos com a “Parques Escolar” em 69 escolas onde gasta mais de 40 milhões por mês, apesar de ser notório o incumprimento da outra parte, mas já nem o BE ou o PCP se incomodam.
A secretária de Estado Alexandra Leitão tem feito um esforço meritório para enfrentar os problemas, mas a herança deixada pela megalomania dos governos de Sócrates não deixa grande margem. A “festa”, como dizia a ex e incompetente ministra Lurdes Rodrigues sobre a Parques Escolar, acabou em pesadelo.
CM- Eduardo Dâmaso
2 º “200 Escolas precisam de obras com urgência”
CM – Há muitas escolas em Portugal com problemas?
AR- _ Existem mais de 200 escolas a nível nacional a necessitarem de obras com urgência, de forma a evitar tragédias. Além disso, se investissemos na sua requalificação, evitava-se a emigração de milhares trabalhadores da construção.
CM – Qual a importância do investimento do Estado na requalificação das escolas para o sector da construção?
-Com a requalificação do Parque Escolar, evitava-se que mais de 10 mil trabalhadores saíssem do País. Se o sector da construção é tão importante, como apregoa o primeiro-ministro, então vamos apostar nele e na preservação do património do Estado que é de todos?
AR- É claro que quando me refiro a obras em 200 escolas sei que não é possível serem realizadas todas ao mesmo tempo. É necessário começar por aquelas em que o estado de degradação é mais visível e depois nas outras, de forma faseada. O dinheiro é público e tem de ser bem aplicado.
Presidente do Sindicato da Construção de Portugal - AR
3 ª Paixão pela educação
A degradação para além do admissível do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, tem anos. Mas só na semana passada mereceu atenções nacionais e até teve honras de discussão parlamentar. Já, estamos, infelizmente habituados a estes números de inspiração circense, mas não deixou de surpreender todos falarem sem corar de vergonha. O PSD foi responsável por adiar as obras e, sobretudo, por não mais ter retomado o assunto. O PS já está no poder há tempo suficiente e em Setembro até teve o alerta e a disponibilidade para negociar com Rui Moreira, mas fez o mesmo que o antecessor; preferiu manter o assunto atolado na burocracia do que iniciar as obras.
Catarina Martins não se indignou: visitou a escola, viu que chovia nas salas mas conformou-se a escrever nas redes sociais que “a solução pode estar num protocolo por assinar entre o governo e autarquia para aproveitar fundos europeus.” Todos apaixonados pela Educação. Portanto.
Apesar de ser um edifício classificado, com as janelas partidas, os tetos a cair e os ratos a passear, como escrevia Pacheco Pereira, antigo aluno do Herculano, nada feito. Agora parece que vai ser. Mas só acredito quando vir,. No Herculano e em todas as outras escolas que estão em situações semelhantes.
CM – Rui Hortelão
AFINAL AINDA HÁ QUATRO
4.º - OS AMANTES DO SOCIALISMO!
PORTUGAL DESEMBOLSA 7380 MILHÕES EM JUROS
- Só a Troika lucrou 1845 milhões de euros em prémio pelo resgate financeiro ao País.
- Valor dá para pagar cinco meses de salário a todos os funcionários públicos
Os juros foram uma das maiores facturas que Portugal teve de suportar no ano passado. Foram 7380 milhões de euros no ano de 2016 não para pagar a dívida, mas apenas para liquidar juros dos empréstimos. O suficiente para garantir cinco meses de salários na Função Pública, custando 738 euros a cada português.
A dívida portuguesa atingiu, no final de Setembro passado, 244 mil milhões de euros, o maior valor desde que há registo, segundo o Eurostat. Se os portugueses fossem chamados a pagá-la , cada um teria de desembolsar cerca de 24 mil euros.
Face à riqueza do País, só a Grécia regista piores resultados do que Portugal. TEMOS UMA DÍVIDA IMPAGÁVEL!
É pura utopia legislar direitos sem curar de saber se tal tem viabilidade prática! Fazer uma constituição, toda ela de pendor socialista/marxista, crente no Estado, nos trabalhadores e ignorando empresários, sociedade civil, regras do mercado etc. nada adianta!
Hoje, os trabalhadores estão mais pobres, as empresas e Portugal também e existem menos centros de féria que há quarenta anos atrás. Muita gente foi ao estrangeiro com a criação de dívida pelo país, que caiu em bancarrota e atirou com centenas de milhares de trabalhadores para o desemprego e para a emigração!
Trinta e quatro anos depois da Revolução de Abril, são muitos os trabalhadores sem direito a férias e sem emprego! Porque os contratos precários ou os recibos verdes não as contemplam, porque o patrão não deixou, porque se aproveitam as férias para ter um segundo (ou terceiro) emprego que equilibre o orçamento caseiro, porque o subsídio de férias está há meses destinado a pagar dívidas, prestações, propinas ou material escolar, porque o salário, a reforma ou a pensão não cobre as despesas correntes.
Quando nestas condições aparece um líder, antes das eleições, a prometer tudo e mais qualquer coisa, deveria dar para desconfiar. Mas não! O culpado é sempre o último a estar empossado e que apanhou com a bancarrota em cima, a tolher-lhe todos os desejos, que sente para ajudar o seu povo.
Dá muito jeito ter uma ‘Agenda para dez anos, que não passe de um montão de trivialidades: "valorizar os nossos recursos, as pessoas, o território e a nossa língua"; "modernizar o tecido empresarial, o Estado e a Administração Pública"; "investir no futuro, educação e na cultura"; "reforçar a coesão social".
Quem não acha isto tudo muito competente?
O problema é que nada disto chega para ser um programa político. Mais: “nada disto faz parte das tarefas políticas urgentes, as quais têm que ver com a austeridade, o défice, a dívida pública, o colapso do sistema bancário, o crescimento económico a curto prazo, os desequilíbrios do euro, o desemprego e o aumento constante de impostos
Nem tão pouco com os compromissos assinados na relação de Portugal com a Europa.
Tudo isto só serve para enganar o povo e voltar outra vez para o poder, agravando ainda mais o estado deste pobre país!
Por mais de trinta anos um mendigo ficou sentado no mesmo lugar, debaixo de uma marquise. Até que um dia, uma conversa com um estranho mudou a sua vida:
– Tem um trocadinho aí pra mim, moço? – Murmurou, estendendo mecanicamente o seu velho boné.
– Não, não tenho – disse o estranho. –
- O que tem nesse baú debaixo de você?
– Nada, isso aqui é só uma caixa velha. Já nem sei há quanto tempo me sento em cima dela.
– Nunca olhou o que lá tem dentro? – Perguntou o estranho.
– Não – respondeu.
– Para quê? Não tem nada aqui, não!
– Dá uma olhada dentro – insistiu o estranho, antes de se ir embora.
O mendigo resolveu abrir a caixa. Teve que fazer força para levantar a tampa e mal conseguiu acreditar ao ver que o velho caixote estava cheio de ouro.
Eu sou um estranho sem nada para dar, que lhe está dizendo para olhar para dentro. Não de uma caixa, mas sim de você mesmo. Imagino que você esteja pensando indignado: "Mas eu não sou um mendigo!"
Em Outubro último, o número de pessoas desempregadas que recorreram à reforma antecipada já ultrapassava as 80 mil, o que significa que, se não existisse este mecanismo, o número oficial de desempregados já estava em patamares inadmissíveis. Em situação mais dramática estão as pessoas sem emprego, com mais de 45 anos ou 50 e poucos, que o mercado de trabalho considera velhos, mas que são muito novos para ter acesso à reforma antecipada. Esta geração, e os jovens à procura do primeiro emprego, são as principais vítimas desta crise."
Contudo, não são os mais esquecidos deste governo! São uma das franjas da nossa sociedade armada em geringonça! A outra, as crianças, melhor ou pior tem os seus “papás”.
Mas os idosos são uma realidade que tem tanto de triste como de real e duro! A juventude de hoje, serão os idosos de amanhã. Não podemos adiar para amanhã, os mimos e cuidados que só lhes poderemos dar hoje. Deixar para manhã, Não!O dia é hoje, e a hora é agora. Eduquemos os filhos de hoje a respeitar os idosos, para que eles possam ser respeitados amanhã. Teremos que dar aos idosos, o mesmo carinho e cuidados que damos ou deveríamos dar às crianças de hoje.
Numa sociedade cada vez mais envelhecida, em que o aumento da necessidade de apoio às pessoas idosas dependentes emerge como um problema prioritário, interrogamo-nos sobre a necessidade de dar mais atenção à prestação de cuidados informais à pessoa idosa dependente em contexto domiciliário ou outro.
Se nos lembrarmos dos “malabarismos”, que os políticos fazem para baixar os défices das contas, ou para garantir “ Um vencimento Mínimo” a muitos milhares de trabalhadores, que lhe pagarão com o seu voto, então a estrada começa a abrir-se. Se nos lembrarmos dos impostos “inventados” e pagos por todos, para garantir tantos negócios generosos, então tudo isto é bem mais fácil do que aumentar a gasolina, que muitos passarão comprar a Espanha!
A generosidade e capacidade de políticos bem preparados, humanos e competentes, não têm limites!
A vida dos idosos, cheia de carências e desilusões, essa sim, está às portas da morte e não tem retorno.
Depois, há sempre gente, muita gente, que não se importaria de fazer trabalho de voluntariado, a troco de menos horas de trabalho. Não nos podemos esquecer que milhões de trabalhadores, há bem pouco tempo, passaram a ganhar mais e a trabalhar muito menos, com mais férias.
Porque não mobilizarmos toda a sociedade portuguesa para uma luta em grande contra a corrupção. Era salutar e útil a todos os títulos. Certamente que se alcançaria com isto elevados fundos e, em simultâneo, se moralizava todo o país. Os idosos bem agradeceriam, este último serviço dos portugueses não idosos, que lhes seria prestado por todos os portugueses e pago oportunamente..
“Em 2016, os 1,6 milhões de habitantes de Barcelona foram ultrapassados pelos 32 milhões de turistas que começam a "sobrecarregar a cidade". Barcelona altera lei do alojamento para travar turismo A cidade de Barcelona deve aprovar esta sexta-feira uma lei para reduzir a afluência de turistas, noticia o The Guardian. A nova lei, conhecida como “plano urbano especial para a acomodação turística”, pretende limitar o número de camas disponíveis nos hotéis e no alojamento local e impõe uma moratória sobre a construção de novas unidades hoteleiras e uma suspensão da emissão de licenças para apartamentos turísticos. Em 2016, Barcelona recebeu 32 milhões de visitantes. Os 1,6 milhões de habitantes foram “largamente ultrapassados” pelos turistas, que, de acordo com o jornal britânico, começam a “sobrecarregar a cidade”. É este o resultado de mais de 25 anos de grande promoção da cidade como destino turístico.”
Em 2016, Barcelona recebeu 32 milhões de visitantes. Veneza, Barcelona, Copenhaga e Paris recebem milhões de turistas por ano.
Há quatro anos que o número de turistas em Portugal tem vindo a aumentar, com 2014 a ser o que registou o maior aumento homólogo (12%). Mas este primeiro semestre é o mais forte no que respeita ao número total de turistas, mais de 8,5 milhões, o que ainda assim representa um crescimento de 10,2% face ao primeiro semestre do ano passado.
Temos de crescer muito, mesmo muito, até termos necessidade de tomar as medidas de Barcelona! Ou seja, Lisboa estar sobrecarregada com turistas!
O crescimento de 2016, foi inferior em termos homólogos ao de 2014.
O que foi feito entretanto? O que pode Lisboa aprender com a maioria das cidades europeias? Como reagiram os cidadãos e os políticos ao turismo de massas?
Era uma vez um Portugal com português que Teixeira de Pascoaes viu, e no-lo mostrou pelo texto do seu livro tal qual ele os observou, fundado na glória da sua história, reflectido pelas suas figuras maiores, pelos seus poetas, nas virtudes de ser português e nos seus defeitos, sintetizando que para sermos o Português que vira nesse projecto, era preciso arte.
Arte para nele se reconhecer a nossa raça, símbolo de uma pátria independente e distinta, cristalizada pelo nosso pulsar e pela nossa língua. Arte para mostrar o nosso carácter, fruto de uma herança e tradição que dos remotos povos ibéricos emergiu e se destacou desses demais, de onde nasceu uma pátria lusíada independente e criadora em vários domínios: direito, arte, literatura e ciências.
Na arte de ser português o escritor reproduz o nosso ser, faz o esboço do perfil do nosso carácter, descreve e sublinha os nossos traços mais importantes, aqueles que nos distinguem dos outros povos, e não o faz percorrendo somente as fronteiras do nosso território, conseguidas aos castelhanos e aos árabes por heróicos feitos. Fá-lo na medida de um grande português, sem artifícios e sem demagogias, com uma vontade e convicção naturais, enxugando a pena do poeta com a ânsia de passar para o lado de cá da barricada. Pascoaes destapou a nossa alma para que quem se dispuser a vê-la, possa reaprender a importância da nossa obra enquanto Portugueses, sobretudo a nossa expressão verbal que traduz em sons o que somos e o que sentimos, verbaliza o que nos vai no mais íntimo da raça e que noutras línguas não se consegue traduzir. Em particular, vem-me à lembrança a dita palavra da língua portuguesa: a Saudade, tão típica da sua alma e que dela faz parte, dividida pelo desejo e pela esperança.
Assim se revela a referida Alma Pátria, pelo cancioneiro popular, pelo lirismo de Camões imortalizado pelos Lusíadas, atravessando séculos até Garret e Herculano. Uma nação como a nossa não esgota a sua história, nem a sua alma se extingue na idade que marcou a sua juventude, aurora dum passado que nos é basilar e que demarcou o nosso espaço físico.
A sua génese identifica-se nos primórdios da península. Desde então as qualidades e virtudes foram despontando, e o expoente que classificou o génio lusíada estava ainda para surgir e atingir a sua máxima expressão científica, militar, religiosa, etc… na época dos descobrimentos! Época renascentista louvada pelos Lusíadas de Camões, pelas obras do empreendimento exclusivo da nossa ciência e da arte da navegação posta em prática pelo espírito português, e pela audácia dos nossos marinheiros. Culminando em Alcácer Quibir e em D. Sebastião…
O autor, no desenvolvimento do seu raciocínio sobre a Alma Pátria, encaminha-nos para as suas noções de indivíduo e de pátria, de vida animal e vida superior, de perfeição e imperfeição, faz-nos reflectir sobre a lei suprema e as implicações da subjugação do indivíduo à pátria, ficando este também a ser pátria ascendendo em sacrifício ao espiritual. Esse sacrifício não se confinará ao coletivo de um campo de batalha. O amor familiar, o seu contributo como homem fraterno entre seus pares na comunidade e na profissão, cumprem os desígnios da lei suprema.
Tomamos o pulso a um conjunto de matérias que são abrangidas pelo poeta, com reflexões em campos como a história, filosofia, arte, paisagismo, religião, política e jurisprudência.
Pascoaes reconhece alicerces para a estrutura familiar, nas tradições do passado da humanidade, na vida municipal em obrigações comunitárias hierárquicas, nos 3 estados propostos de família rural, urbana e operária, e colhendo as virtudes dos antepassados estabelece uma analogia entre a família e a pátria, devendo constituir ela própria uma pequena pátria, ocupando um território familiar, criando assim ela também a sua própria raça. Ao Português tal culto é proposto para a manutenção da sua civilidade e disciplina.
Porém, nesse culto está implícita uma dose de religiosidade que moralmente ampara o indivíduo na sua ligação ao divino etéreo, e será o garante do cumprimento da lei suprema do sacrifício. Pascoaes até nesta vertente inova e recebe apoios, separando a velha igreja romana para criar uma nova à imagem da renascença portuguesa: a igreja Lusitana.
Surge então o cristianismo que é tradicional na conceção religiosa da família portuguesa e que como é sabido, é uma herança de longínqua proveniência desde a fundação da pátria por D. Afonso Henriques, tendo-se enraizado na nossa história pela criação de um lugar cativo da imagem de Jesus Cristo e da Sagrada família, tanto nos nossos templos e palácios, como nas nossas casas, sendo a «lareira o santuário com as imagens dos avós».
Aliás, algumas décadas depois de sair este livro, uma das páginas da nossa história mais recente o mostra, pela conceção que o estado novo tinha sobre a vida familiar e em sociedade, para os portugueses. Vida essa, de princípios rurais e agrários, ligada à igreja católica, ideia com pouco arrojo, muito comedida, algo cinzenta e sem grandes apostas na inovação, pensando-se sempre na condição de neutralidade perante a guerra. Na altura, Franco, aqui ao lado, dizia exatamente isso de Salazar, e no entanto… E assim nos íamos mantendo como os meninos bem comportados da família europeia, com os mesmos brandos costumes, muito honestos aos olhos dos outros, mas pobres! Pobres em infraestruturas e na cultura, que a felicidade ignorante fez o favor de estagnar. E os que despertavam desse estado letárgico, logo eram amordaçados… Bom, mas vamos deixar o estado novo e voltar a Pascoaes.
Encontro talvez a única discordância que me separa deste pensamento, na questão da religiosidade bucólica a braços com a ruralidade comungando com a natureza, inúmeras vezes referida, onde à qual dedica um sub-capítulo sob o título de paisagem. A visão populista nas constantes chamadas ao folclore nacional do cancioneiro popular, denota um olhar que não se vira para a modernidade, num período em que o país sofre mudanças políticas e sociais profundas com a instauração da República.
Mas mesmo assim, como compreendo Pascoaes por este resgatar o que considerava o mais representativo e glorioso do nosso passado. E como muitos outros poetas o fizeram! O passado serve sempre de fonte de inspiração para se construir um futuro, para que dentro de nós se refaça a seiva lusitana e que dela brotem a audácia e a perseverança num renovado génio português. E como já referi, o poeta, não o quis ser com esta exaltação literária devido às incursões no popular do cancioneiro e na simplicidade da vida rural de culto religioso.
-O sistema de apoio ao situacionismo cindia-se em três alas (facções), ditas cartistas:
- Os puros, que seguiam António Bernardo, no jornal A Lei.
- Os ultras, adeptos de José Bernardo, tendo como órgão O Estandarte.
- Os centristas, que começam a reunir-se em torno de Saldanha e de Rodrigo da Fonseca, enquanto se estrutura uma oposição dita nacional e progressista, que reúne gente moderada, como Joaquim António de Aguiar, e antigos radicais, como Leonel Tavares de Cabral, ficando Loulé com o centro.
Desde 1842 que a luta no nosso país, deixou de ser sobre princípios, e que os combates foram contra a delapidação, contra o roubo, contra a venalidade, contra a desmoralização, revestida de todas as suas formas. (Alexandre Herculano).
Não amo revoluções, nem as quero, nem creio nelas...Se alguma coisa a tal respeito apregoei, foi mais contra as insurreições, que a favor delas; foi mais gritar aos governantes, que se houvessem de colar no ofício por boas obras, do que aos governados, que os derrubassem (António Feliciano de Castilho).
Extinga-se o proletariado, está inaugurada a emancipação do trabalho, somos todos irmãos! (Custódio José Vieira)