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O ENTARDECER

O ENTARDECER

UM DIREITO UNIVERSAL

 

Estamos perante a universalidade do direito à liberdade de expressão e de informação (artigo 37.º da nossa Constituição): “ Todos têm direito à liberdade de opinião e de expressão; “este direito abrange a liberdade de emitir opiniões sem interferência externa, porque de contrário estaríamos no âmbito da censura, e tentar receber e partilhar informações e ideias através de qualquer órgão de informação, sem qualquer tipo de limitação”.

Na mesma linha de orientação, o jornalismo deve ser uma profissão aberta, sem formação especial, nem da necessidade de ter qualquer curso de jornalismo, embora, haja uma lei que protege a atividade de jornalista, que é o Estatuto do Jornalista. Todavia, a nossa constituição estipula que qualquer cidadão tem o direito de informar. Este é um conceito que radica na filosofia subjacente ao artigo 37.º, e não é exclusivamente português, pois, é um conceito que existem em todas as sociedades abertas e democráticas. Todas as constituições e mesmo em Inglaterra, sem ela, garantem este direito como direito universal. No mesmo sentido vai a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que garante os direitos e garantias básicos do cidadão, desde 1948. Aliás, um ponto desta Declaração diz, na sua essência, o mesmo que o artigo 37.º da nossa Constituição!

A liberdade de expressão e informação são sempre referenciadas universalmente, e é delas que deriva a profissão de jornalista.

OBSOLETO E PASSADO

 

 

Temos ridicularizado os valores estabelecidos desde há muito tempo pelos nossos ancestrais e a isto temo-lo chamado de “obsoleto e passado”.

Uma sociedade estruturada em valores humanos, poderá levar muitas centenas de anos até ser conseguida. É uma forma contínua de respeito pelos valores recebidos e muito esforço pelo seu aperfeiçoamento. Tudo em resultado de uma entrega abnegada e desinteressada de milhões de almas nascidas e desaparecidas de consciência tranquila!

Hoje, em Portugal e contrariamente ao que gostamos de presumir, a vida hipnotiza-nos com muita facilidade e logo nos esquecemos do que devemos fazer, mesmo se for Deus a pedir-nos  «um copo de água». Basta o olhar de uma linda mulher, ou um elogio envenenado. Basta a embriaguez do poder adquirido sem merecimento. É na área do comportamento que se trava a batalha mais importante do desenvolvimento. Comportamento individual e coletivo. Sem as virtudes do civismo, o homem não é capaz de viver de bem consigo próprio e de conviver respeitosamente com os outros, tão pouco de se integrar na comunidade civil, de trabalho ou familiar. Tudo se transforma num lodaçal! O cheiro é irrespirável!

QUANDO “ELA””SE APRESENTA

 

Cheia de emergência e com uma injeção de liquidez na mão, vai sobrar para uns tantos. Afinal, quem anda à chuva molha-se!

Nada de maus pensamentos fala-se, tão-somente, das cedências de liquidez de emergência conhecidas por “ELA” (Emergency Liquidity Assistancy).

Na terminologia da política monetária europeia, são empréstimos realizados pelos bancos centrais nacionais a instituições financeiras com problemas de liquidez. São operações, normalmente envoltas em, secretismo para não criar pânicos nos bancos e gerar alguma corrida a um banco assistido.

Muito se tem falado, ultimamente, deste assunto e até num hipotético banco que se poderia chamar de “banco do meu avô”.  

Compete especialmente ao Banco de Portugal "velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando, com essa finalidade, designadamente, a função de refinanciador de última instância". Assim, o Banco exerce a supervisão prudencial das instituições de crédito, das sociedades financeiras e das instituições de pagamento. O Governador do Banco de Portugal preside ao Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, entidade que integra o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e o Instituto de Seguros de Portugal.

O Banco de Portugal exerce também a supervisão da atuação das instituições na relação com os seus clientes – supervisão comportamental. Neste âmbito, o Banco de Portugal intervém no domínio da oferta de produtos e serviços financeiros – para que as instituições atuem com diligência, neutralidade, lealdade, discrição e respeito no relacionamento com os clientes – e também ao nível da procura de produtos e serviços – estimulando e difundindo informação junto dos clientes bancários, promovendo uma avaliação cuidada dos compromissos que estes assumem e dos riscos que tomam.

Uma iniciativa importante do Banco neste domínio foi a criação do Portal do Cliente Bancário – que permite, entre outras funcionalidades, a apresentação de reclamações sobre as instituições supervisionadas ou de pedidos de localização de ativos financeiros em caso de morte dos respetivos titulares.

Pondo de lado o mundo da alta finança, demasiado complicado para um simples cidadão, toda esta regulação, tão dispendiosa para o povo, deve certamente servir para lhe dar uma certa tranquilidade quando aplica as suas parcas poupanças nos balcões de uma entidade bancária de prestígio. Se assim não fosse, decerto, que o regulador poderia avisar atempadamente os portugueses de todas as classes de algum perigo que andasse no ar. É até de supor, que tal entidade reguladora, deveria estar atenta àquilo que se vende aos balcões das entidades bancárias nacionais.

Pelos acontecimentos recentes, tudo faz supor que tal informação não tem sido oferecida às classes mais “frágeis”, ou seja, reformados, trabalhadores menos experimentados nas lides financeiras, no fundo aqueles que estão neste momento a pagar toda a austeridade e demais efeitos perniciosos da crise, ou seja dos erros políticos!

Lembro que quem tem cortes em reformas pagas numa vida de trabalho, mais situações anormais de desemprego, mais brutais aumentos de impostos, etc. tem de estar protegido quando faz aplicações como “obrigações” vendidas nos balcões de entidades reguladas a peso de ouro!

A grande maioria dos portugueses que estão a pagar esta enorme austeridade, desconhecem o teor da Lei que regulamenta por exemplo as tais obrigações.

Por razões óbvias vão a um balcão e acreditam naquilo que quem o atende lhe assegura! Será que é bem-informado? Quanto a situações de falta de liquidez e de outros tipos similares, quem o informa atempadamente? Será justo que ainda tenha que arcar com falências fraudulentas? Mal, mesmo muito mal irão as coisas se assim for!

UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA

 

Uma lição importante sobre rendimento mínimo, (para reflexão!)

Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que nunca havia reprovado um aluno antes, mas uma vez, reprovou uma turma inteira.
Esta classe em particular tinha insistido que um regime igualitário realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e "justo." 
O professor então disse, "Ok, vamos fazer uma experiência igualitária nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos as vossas notas de avaliação nas provas." 
Todas as notas seriam concedidas com base na média da turma, e portanto seriam "justas."  Porque iguais.  Isso quis dizer que todos iriam  receber  as mesmas notas, o que significou que ninguém iria ser reprovado.  Isso também quis dizer que obviamente ninguém iria receber um "20"... 
Depois das primeiras avaliações saírem, foi feita a média e  todos receberam "13".  Nesta altura quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram felizes da vida  com o resultado. 
Quando a segunda prova foi feita  os alunos  preguiçosos continuaram no seu ritmo, pois que acreditavam que a  média da turma os continuaria a beneficiar. Já os alunos aplicados  entenderam que também  eles teriam direito a baixar o ritmo, agindo contra a sua própria  natureza. 
Resultado, a segunda média das avaliações foi " 8".
Ninguém gostou. 
Depois da terceira prova, a média geral acabou por descambar  e voltou a  descer para  o "5". 
As notas nunca mais voltaram aos patamares mais altos,  mas ao invés,  as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe.   A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações e  inimizades
que passaram a fazer parte daquela turma. 
No final das contas, ninguém se sentia  obrigado a estudar para beneficiar o resto da sala.  Resultado: Todos os alunos chumbaram naquela  disciplina... Porque todos eram «iguais». 
O professor explicou que a experiência igualitária  tinha falhado porque ela traduziu-se na desmotivação dos participantes. Preguiça e mágoa foi o resultado. "Quando a recompensa é grande", disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. 
  
"
É  impossível levar o pobre à prosperidade através de ações que punam os mais afortunados pela prosperidade. Cada pessoa que recebe sem trabalhar, obriga a que  outra pessoa deva trabalhar sem receber. O governo não pode «dar» a alguém, aquilo que  tira a outro, alguém. Quando metade de uma  população começa a entender  a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustenta-la, e quando esta outra metade entende que não vale a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação. É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."  ( Adrian Rogers, 1931)

 

A ESQUERDA A COMBATER A POBREZA

 

 

Dados do Instituto de Estatística da Venezuela rompem silêncio oficial sobre o aumento da pobreza no país

Dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística da Venezuela (INE) demonstram que o índice de pobreza no país aumentou 33,1% em julho de 2015, comparativamente aos últimos valores disponíveis, de 2013.

Os valores de julho de 2015 sinalizam 2.434.035 de famílias pobres.

Os dados divulgados dão conta de um "progressivo aumento da pobreza" e rompem o silêncio oficial sobre o assunto, cujos últimos valores divulgados correspondiam ao primeiro semestre de 2013, quando o número de famílias pobres era de 27,2%.

Por outro lado, do total geral de pobres, 683.370 famílias (9,3%) estão em situação de "pobreza extrema", um número que contrasta com os 8,4% registados no primeiro semestre de 2013.

Os dados revelam ainda que 1.750.665 famílias (23,8%) estão em condições de pobreza "não extrema" e que 4.930.666 famílias foram classificadas como "não pobres".

Por outro lado, uma pesquisa do Observatório de Saúde, relativa às Condições de Vida, revela que 12,1% dos mais de 30 milhões de cidadãos da Venezuela faziam apenas "duas ou menos" refeições por dia, no primeiro semestre de 2015.

O mesmo estudo adianta que 87% da população se queixa de que os seus rendimentos não são suficientes para manter a qualidade de vida, designadamente os níveis de alimentação.

DN

Degradação dos Salários

 

A economia portuguesa está a sofrer uma gradual e preocupante desvalorização salarial. A tendência é mais acentuada NOS EMPREGOS PRIVADOS, já que no Estado, o Governo e a maioria parlamentar de esquerda, eliminaram os cortes que atingiam os funcionários públicos. Há meia dúzia de ano falava-se da tragédia dos mil euritas, jovens qualificados dificilmente conseguiam emprego acima daquele patamar. A degradação a que se assistiu nos últimos anos foi tão grande, que agora os mil euros até já se tornaram um sonho distante para milhares de jovens qualificados. Na vida real das empresas privadas, o limiar do salário é cada vez mais o diapasão que pauta os ordenados.

Armando Esteves Pereira – CM – 15-11-2016      

UM RFEFORMADO


Sob o título " Contrato entre avós, pais e netos", no semanário Expresso de 18 de Maio de 2013, dirigiu-se-me Vexa, justificando o roubo das pensões (como sabe "roubo" designa o furto com violência, Vexa não sonha quanta!). O modo como na sua "carta" se me dirige, ternurento, será original, mas, concordará, nesta matéria, é de muito mau gosto, quase, diria, que é ofensivo.
Como fazem todos os seus colegas ideológicos, escamoteia Vexa o facto de que eu, durante a minha vida ativa, paguei a pensão dos vossos avós, pais e mães sendo certo que, uma grande maioria delas, até pela profissão, não descontaram nada ou quase nada para a terem. Foi o sentido de justiça social da minha geração que o permitiu.
Os senhores, que beneficiaram de uma melhor educação e estão gordos de cultura sabem muito bem que à luta de classes estão a juntar a luta de gerações e que a atual "crise" mais não é que um ajustamento estrutural do capitalismo que, em consequência do fim da, chamada, "guerra fria", tomou o freio nos dentes e tenta reduzir o aparelho de Estado ao mínimo estritamente necessário para que quem produz o continue a fazer permitindo a apropriação indevida do seu sobre trabalho pelos "mercados"; é da sua natureza que assim seja, não que os homens sejam maus. É que aquilo, na URSS, podia ser mau para as vítimas, mas dava a aparência de uma sociedade mais justa e fraterna que servia de "mau exemplo" pelo que era necessário que cá também houvesse "Estado social" que, claro, desviava dinheiro dos "mercados". Os senhores sabem bem que o problema não é o Estado não poder ser social por não haver dinheiro, o Estado não é neutro e aumenta mais o IRS ou diminui o IRC conforme os interesses que defende. Os senhores sabem bem que uma alta taxa estrutural de desemprego é bom para os "mercados", o problema é gerir o "quantum" para continuar a haver consumidores. A social-democracia tenta corrigir isso quando não está como agora dominada por arrivistas.
Tem Vexa a pretensão de ainda vir a auferir uma pensão de 20 a 30% da sua remuneração. Eu quando comecei a trabalhar tive a pretensão de auferir 100% e sabe bem porquê. Porque eram as regras que me levaram, entre outras ponderações, a optar pela profissão que tive. Vexa está à vontade porque ou é rico ou vai acautelar-se com PPR,s e quejandos, ou ainda pode vir a ser empresário. Eu, que já estou mais para a morte do que para a vida, fui apanhado por um grupo de serventuários do capitalismo selvagem que nem as suas próprias regras respeita, ou parece-lhe que as empresas funcionam dizendo "olha hoje só pago a fornecedores 50% do que lhes devo?"; se não têm dinheiro ficam a dever, negoceiam as dividas, reformam letras ou vão à falência, mas não podem como o Estado actual, unilateralmente, só pagar o que lhes parece.
Acha Vexa que a pensão não pode ter um valor imutável, tem que estar indexada ao PIB, à evolução da esperança de vida e ao rácio trabalhador reformado. Estou inteiramente de acordo se me der mais quarenta anos de vida. Dá-mos? Não, então façam só para vocês.
Não lhe desejo que na sua velhice lhe aconteça o mesmo; que lhe confisquem na sua pensão, como a mim, que já vou numa redução de 25% da minha expectativa com a ameaça, de que virá mais um corte de 15% e a permanente incerteza do que se seguirá ou que tenha os seus PPR nas mãos de qualquer Madoff. Desejo-lhe felicidades.

Luís A N Paiva de Andrade
Capitão de Mar e Guerra Reformado,
47 Anos de descontos “obrigatórios” para a CGA
Militante do PSD

 

O GÉNIO PENINSULAR

Antero do Quental

Meus Senhores:

Deste mundo brilhante, criado pelo génio peninsular na sua livre expansão, passamos quase sem transição para um mundo escuro, inerte, pobre, ininteligente e meio desconhecido. Dir-se-á que entre um e outro se meteram dez séculos de decadência: pois bastaram para essa total transformação 50 ou 60 anos! Em tão curto período era impossível caminhar mais rapidamente no caminho da perdição.

No princípio do século XVII, quando Portugal deixa de ser contado entre as nações, e se desmorona por todos os lados a monarquia anómala, inconsistente e desnaturai de Filipe II; quando a glória passada já não pode encobrir o ruinoso do edifício presente, e se afunda a Península sob o peso dos muitos erros acumulados, então aparece franca e patente por todos os lados a nossa improcrastinável decadência. Aparece em tudo; na política, na influência, nos trabalhos da inteligência, na economia social e na indústria, e como consequência de tudo isto, nos costumes. As preponderâncias, que até então exercêramos nos negócios da Europa, desaparecem para dar lugar à insignificância e à impotência. Nações novas ou obscuras erguem-se e conquistais no mundo, à nossa custa, a influência de que nos mostrámos indignos. A coroa de Espanha é posta em leilão sangrento no meio das nações, e adjudicada, no fim de doze anos de guerra, a um neto de Luís XIV. Com a dinastia estrangeira começa uma política antinacional, que envilece e desacredita a monarquia. E esse rei estrangeiro custa à Espanha a perda de Nápoles, da Sicília, do Milanês, dos Países Baixos! Em Portugal, é a influência inglesa, que, por meio de cavilosos tratados, faz de nós uma espécie de colónia britânica. Ao mesmo tempo as nossas próprias colónias escapam-nos gradualmente das mãos: as Molucas passam a ser holandesas; na índia lutam sobre os nossos despojos holandeses, ingleses e franceses: na China e no Japão desaparece a influência do nome português. Portugueses e Espanhóis, vamos de século para século minguando em extensão e importância, até não sermos mais que duas sombras, duas nações espectros, no meio dos povos que nos rodeiam!... E que tristíssimo quadro o da nossa política interior! As liberdades municipais, à iniciativa local das comunas, aos forais, que davam a cada população uma fisionomia e vida próprias, sucedem a centralização, uniforme e esterilizadora. A realeza deixa então de encontrar uma resistência e uma força exterior que a equilibre, e transforma-se no puro absolutismo; esquecendo a sua origem e a sua missão, crê ingenuamente que os povos não são mais do que o património providencial dos reis. O pior é que os povos acostumam-se a crê-lo também! Aquele espírito de independência que inspirava o firme si no, no! da Idade Média adormece e morre no seio popular. O povo emudece; negam-lhe a palavra, fechando-lhe as Cortes; não o consultam, nem se conta já com ele. Com quem se conta é com a aristocracia palaciana, com uma nobreza cortesã, que cada vez se separa mais do povo pelos interesses e pelos sentimentos, e que, de classe, tende a transformar-se em casta. Essa aristocracia, como um embaraço na circulação do corpo social, impede a elevação natural de um elemento novo, elemento essencialmente moderno, a classe média, e contraria assim todos os progressos ligados a essa elevação. Por isso decai também a vida económica: a produção decresce, a agricultura recua, estagna-se o comércio, deperecem uma por uma as indústrias nacionais; a riqueza, uma riqueza faustosa e estéril, concentra-se em alguns pontos excepcionais, enquanto a miséria se alarga pelo resto do país: a população, dizimada pela guerra, pela emigração, pela miséria, diminui de uma maneira assustadora. Nunca povo algum absorveu tantos tesouros, ficando ao mesmo tempo tão pobre! No meio dessa pobreza e dessa atonia, o espírito nacional, desanimado e sem estímulos, devia cair naturalmente num estado de torpor e de indiferença. É o que nos mostra claramente esse salto mortal dado pela inteligência dos povos peninsulares, passando da Renascença para os séculos XVII e XVIII. A uma geração de filósofos, de sábios e de artistas criadores, sucede a tribo vulgar dos eruditos sem crítica, dos académicos, dos limitadores. Saímos duma sociedade de homens vivos, movendo-se ao ar livre: entrámos num recinto acanhado e quase sepulcral, com uma atmosfera turva pelo pó dos livros velhos, e habitado por espectros de doutores. A poesia, depois da exaltação estéril, falsa, e artificialmente provocada do gongorismo, depois da afectação dos conceitos (que ainda mais revelava a nulidade do pensamento), cai na imitação servil e ininteligente da poesia latina, naquela escola clássica, pesada e fradesca, que é a antítese de toda a inspiração e de todo o sentimento. Um poema compõe-se doutoralmente, como uma dissertação teológica. Traduzir é o ideal: inventar considera-se um perigo e uma inferioridade: uma obra poética é tanto mais perfeita quanto maior número de versos contiver traduzidos de Horácio, de Ovídio. Florescem a tragédia, a ode pindárica, e o poema herói-cómico, isto é, a afectação e a degradação da poesia. Quanto à verdade humana, ao sentimento popular e nacional, ninguém se preocupava com isso. A invenção e originalidade, nessa época deplorável, concentra-se toda na descrição cinicamente galhofeira das misérias, das intrigas, dos expedientes da vida ordinária. Os romances picarescos espanhóis e as comédias populares portuguesas são irrefutáveis actos de acusação, que, contra si mesma, nos deixou essa sociedade, cuja profunda desmoralização tocava os limites da ingenuidade e da inocência no vício. Fora desta realidade pungente, a literatura oficial e palaciana espraiava-se pelas regiões insípidas do discurso académico, da oração fúnebre, do panegírico encomendado – géneros artificiais, pueris, e mais que tudo soporíficos. Com um tal estado dos espíritos, o que se podia esperar da arte? Basta erguer os olhos para essas lúgubres moles de pedra, que se chamam o Escorial e Mafra, para vermos que a mesma ausência de sentimento e invenção, que produziu o gosto pesado e insípido do classicismo, ergueu também as massas compactas, e friamente correctas na sua falta de expressão, da arquitectura jesuítica. Que triste contraste entre essas montanhas de mármore, com que se julgou atingir o grande, simplesmente porque se fez o monstruoso, e a construção delicada, aérea, proporcional e, por assim dizer, espiritual dos Jerónimos, da Batalha, da Catedral de Burgos! O espírito sombrio e depravado da sociedade reflectiu-o a Arte, com uma fidelidade desesperadora, que será sempre perante a história uma incorruptível testemunha de acusação contra aquela época de verdadeira morte moral. Essa morte moral não invadira só o sentimento, a imaginação, o gosto: invadira também, invadira sobretudo a inteligência.

NO MUNDO DA INTELIGÊNCIA

Antero do Quental

Meus Senhores:

No mundo da inteligência não é menos notável a expansão do espírito peninsular durante a Idade Média. O grande movimento intelectual da Europa medieval compreende a filosofia escolástica e a teologia, as criações nacionais dos ciclos épicos, e a arquitectura. Em nada disto se mostrou a Península inferior às grandes nações cultas, que haviam recebido a herança da civilização romana. Demos à escola filósofos como Raimundo Lúlio; à Igreja, teólogos e papas, um destes português, João XXI. As escolas de Coimbra e Salamanca tinham uma celebridade europeia: nas suas aulas viam-se estrangeiros de distinção atraídos pela fama dos seus doutores. Entre os primeiros homens do século XIII está um, monarca espanhol, Afonso, o Sábio, espírito universal, filósofo, político e legislador. Nem posso também deixar esquecidos os mouros e judeus, porque foram uma das glórias da Península. A reforma da escolástica, nos séculos XIII e XIV, pela renovação do aristotelismo, foi obra quase exclusiva das escolas árabes e judaicas de Espanha. Os homens de Averróis (de Córdova), de Ibn-Tophail (de Sevilha) e os dois judeus Maimónides e Avicebron serão sempre contados entre os primeiros na história da filosofia na Idade Média. Ao pé da filosofia, a poesia. Para opor aos ciclos épicos da Távola Redonda, de Carlos Magno e do Santo Graal, tivemos aquele admirável Romancero, as lendas do Cid, dos Infantes de Lara, e tantas outras, que se teriam condensado em verdadeiras epopeias, se o espírito clássico da Renascença não tivesse vindo dar à Poesia outra direcção. Ainda assim, grande parte, a melhor parte talvez, do teatro espanhol saiu da mina inesgotável do Romancero. Para opor aos trovadores provinciais, tivemos também trovadores peninsulares. Dos nossos reis e cavaleiros trovaram alguns com tanto primor como Beltrão de Born ou o conde de Tolosa. Quanto à arquitectura, basta lembrar a Batalha e a Catedral de Burgos, duas das mais belas rosas góticas desabrochadas no seio da. Idade Média. Em tudo isto acompanhámos a Europa, a par do movimento geral. Numa coisa, porém, a excedemos, tornando-nos iniciadores: os estudos geográficos e as grandes navegações. As descobertas, que coroaram tão brilhantemente o fim do século XV, não se fizeram ao acaso. Precedeu-as um trabalho intelectual, tão científico quanto a época o permitia, inaugurado pelo nosso infante D. Henrique, nessa famosa escola de Sagres, de onde saíam homens como aquele heróico Bartolomeu Dias, e cuja influência, directa ou indirectamente, produziu um Magalhães e um Colombo. Foi uma onda que, levantada aqui, cresceu até ir rebentar nas praias do Novo Mundo. Viu-se de quanto eram capazes a inteligência e a energia peninsulares. Por isso a Europa tinha os olhos em nós, e na Europa a nossa influência nacional era das que mais pesavam. Contava-se para tudo com Portugal e Espanha. O Santo Império alemão oferece a orgulhosa coroa imperial a um rei de Castela, Afonso, o Sábio. No século XV, D. João I, árbitro em várias questões internacionais, é geralmente considerado, em influência e capacidade, como um dos primeiros monarcas da Europa. Tudo isto nos prepara para desempenharmos, chegada a Renascença, um papel glorioso e preponderante. Desempenhámo-lo, com efeito, brilhante e ruidoso: os nossos erros, porém, não consentiram que fosse também duradouro e profícuo. Como foi que o movimento regenerador da Renascença; tão bem preparado, abortou entre nós mostrá-lo-ei logo com factos decisivos. Esse movimento só foi entre nós representado por uma geração de homens superiores, a primeira. As seguintes, que o deviam consolidar, fanatizadas, entorpecidas, impotentes, não souberam compreender nem praticar aquele espírito tão alto e tão livre: desconheceram-no, ou combateram-no. Houve, porém, uma primeira geração que respondeu ao chamamento da Renascença; e enquanto essa geração ocupou a cena, isto é, até ao meado do século XVI, a Península conservou-se à altura daquela época extraordinária de criação e liberdade de pensamento. A renovação dos estudos recebeu-a nas suas Universidades novas ou reformadas, onde se explicavam os grandes monumentos literários da Antiguidade, muitas vezes na própria língua dos originais. Entre as 43 Universidades estabelecidas na Europa durante o século XVI, 14 foram fundadas pelos reis de Espanha. A filosofia neoplatónica, que substituía por toda a parte a velha e gasta escolástica, foi adoptada pelos espíritos mais eminentes. Um estilo e uma literatura novos surgiram com Camões, com Cervantes, com Gil Vicente, com Sá de Miranda, com Lope de Vega, com Ferreira. Demos às escolas da Europa sábios como Miguel Servet, precursor de Harvey, filósofos como Sepúlveda, um dos primeiros peripatéticos do tempo, e o português Sanches, mestre de Montaigne. A família dos humanistas, verdadeiramente característica da Renascença, foi representada entre nós por André de Resende, por Diogo de Teive, pelo bispo de Tarragona, Antonio Augustin, por Damião de Góis, e por Camões, cuja inspiração não excluía uma erudição quase universal. Finalmente, a arte peninsular ergue nessa época um voo poderoso, com a arquitectura chamada manuelina, criação duma originalidade e graça surpreendentes, e com a brilhante escola de pintura espanhola, imortalizada por artistas como Murillo, Velásquez, Ribera. Fora da pátria guerreiros ilustres mostravam ao mundo que o valor dos povos peninsulares não era inferior à sua inteligência. Se as causas da nossa decadência existiam já latentes, nenhum olhar podia ainda então descobri-las: a glória, e uma glória merecida, só davam lugar à admiração.

DEBATE POLÍTICO TELEVISIVO

 

Para este propósito, parte-se do pressuposto de que observar o discurso é ir além da língua, é analisar as regras do seu uso, pois acredita-se que um sujeito, ao falar ou escrever, leva em consideração aqueles para quem o seu discurso é dirigido e os objetivos do debate.

Um outro ponto a salientar refere-se ao papel da média como formadora de opinião. Noutras palavras, a maneira como ela informa, interrompe e conduz os discursos dos candidatos a respeito de determinados fatos, matérias, acontecimentos, ou mesmo na distribuição dos tempos de antena! Tudo isto, pode influenciar e conduzir milhões de telespectadores. Não podemos esquecer que a TV forma, ou reforça a opinião pública e este é o seu poder. A grande maioria dos portugueses, não lê; informa-se pela televisão e isso constitui uma grande responsabilidade para tais organismos controladores do poder.

Ontem, quer do ponto de vista do conteúdo, quer do ponto de vista da mecânica dos debates, quem saiu vencedor? Passos ou Costa?

Assistiu-se a um PM que estando preso aos factos da governação, em conjuntura muito adversa, pouco mais pode fazer do que justificar-se, perante alguém com argumentação livre, com guião fantasista, difícil de contrariar por falta de contraprova. As previsões que suportam os argumentos de Costa, são meras conjeturas, difíceis de contrariar antes de acontecerem os factos a que se reportam.

Neste, como noutros debates idênticos, as perguntas só poderiam incidir sobre três questões! Ou seja, passado, presente e futuro. A vida de um país altamente endividado, está carente de uma análise fria e competente sobre estas três palavras. Ontem, hoje e amanhã, estarão sempre naquilo que for acontecendo, sem quaisquer possibilidades de mudanças milagrosas. Assim, encontrámos um Passos Coelho muito bem preparado para falar de tudo isto (com retórica mais ou menos professoral). Por outro lado, tivemos pela frente um António Costa que fugiu do passado como o diabo da cruz (pudera!). O momento em que o partido de Costa meteu o nosso país na bancarrota, precisa de um estadista competente em gestão e firme no manejo de números gigantes. De outro modo, em lugar de três bancarrotas, somos atirados para a quarta, sem dó nem piedade!

As várias referências que fez a números, foram de uma incapacidade gritante. -Costa argumentou que o governo se comprometeu com corte nas pensões de 600 milhões, mas não confessa que prevê entre 2016 e 2019, arrecadar 1.360 milhões de euros, com o congelamento das pensões (pagina 12 “Estudo do Impacto Financeiro do Programa Eleitoral do PS”) o que constitui cortes implícitos, por erosão do poder real de compra das pensões. Quando fala da despesa do Estado, diz que o seu partido deixou a dívida em 96% do PIB, e que hoje ela está em 120 e tal % ! Esquece este senhor que o dono da Tróica, nas imensas obras faraónicas que fez, utilizou as famosas PPP, ou seja, fez sempre desorçamentação! Melhor dizendo, transformou Portugal no país europeu com mais autoestradas por Km2 e remeteu as dívidas envolvidas para pagamentos até 2030/40! Tais despesas, se tivessem sido orçamentadas e pagas no ano em que foram inauguradas, atirariam com a despesa para muito mais que os autuais 120%! Enfim, foram tantas as despesas com este tratamento e erros de gestão decididos, que nenhum governo do mundo os conseguiria pagar antes de meados DESTE SÉCULO. Por último, iremos esquecer como o senhor presidente da Câmara de Lisboa conseguiu diminuir as dívidas da sua autarquia, mesmo andando há muito em plena campanha eleitoral!

Como de costume, os políticos, jornalistas e supostas entidades públicas etc. dão hoje a vitória ao António Costa! Esta envolvente de bem com a vida, arrasa tudo e todos, principalmente o próprio país!

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