A VIRTUDE E A CORRUPÇÃO
Oliveira Martins criou-se no meio de Lisboa democrática da década de 1860. O autor então mais em voga era Alexandre Herculano. Herculano não era associado com uma escola literária (por exemplo o “romantismo”), mas com uma visão do mundo determinada acima de tudo por duas categorias siamesas: “virtude” e “corrupção”. Herculano achava que a vida colectiva portuguesa, estava <corrupta>, que a liberdade se perderia por causa disso e que só com <virtude> se poderia manter uma nação livre. A <corrupção> era o resultado de facciosismo e da concentração nos <interesses materiais>. A <virtude> que faltava era a da devoção cívica. O impacto em Oliveira Martins desta maneira de ver as coisas pode-se atestar pelo romance histórico Febo Moniz, de 1867.
Martins mostra aí como um político virtuoso, isolado entre a aristocracia egoísta e a plebe demagógica, falhou na sua tentativa de manter a liberdade colectiva. Numa “Nota Final” ao livro, explicava o que competia fazer para evitar uma tragédia semelhante: fortificar-nos pela moralidade e pelo civismo, engrandecer-nos pela ilustração e pela riqueza.