AS PINTURAS SACRAS EM QUEIJAS
De Vítor Lages na Igreja de Queijas foram inauguradas no dia 30 de Abril de 2000, com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Dr. ISALTINO de MORAIS, do Presidente da Junta, António Reis Luz, demais autoridades eclesiásticas, civis e oficiais.
O pintor Vitor Lages e o presidente da Junta
Do painel, mural em técnica de "fresco seco" (tinta à base de água pintada sobre estuque), faz parte um tríptico intitulado " Três-Marias " (a mãe de Jesus,
Maria Madalena e a mãe do apóstolo Tiago), inspirado no que observou no Santo Sepulcro, em Jerusalém, local onde se deslocou propositadamente para melhor realizar esta obra.
De resto, toda a obra se insere numa lógica religiosa. Da direita para a esquerda, começamos por encontrar as figuras da Sagrada Família, seguindo-se a representação de Maria com Jesus, o batismo, a morte e a ressurreição, os louvores, e já do outro lado, o último painel representa a adoração ao próprio corpo de Cristo no sacrário.
As cores não foram escolhidas ao acaso: o azul representa a terra e o alaranjado a parte espiritual. A conjugação das diversas situações foi ordenada de forma a integrar alguns elementos que já existiam, como uma grande cruz do altar, que obrigou o artista à realização de um estudo para a disposição dos elementos visuais. Um vitral que se encontra na extremidade do painel principal, representava também um desafio, devido ao problema dos raios solares, que poderiam afetar a obra. Mas parece ter sido solucionada da melhor forma, através da instalação de uns protetores de fibra que impedem os raios ultravioleta de penetrarem. De resto, a importância deste vitral é fundamental para o resultado visual do painel principal, pois quando o sol entra, cria uma projeção ultra colorida, quase irreal, onde as cores e os reflexos encantam até o olhar mais despercebido.
Quando pela manhã o sol brilha na igreja de Queijas, entra por um vitral representando a luz de Deus e ilumina uma pintura de moderna arte sacra, dando-lhe um brilho que nenhum pincel conseguiria.
Seguindo a tradição de pintura ultrarrealista em que se insere, Vítor Lages aproveitou a tal cruz de ferro que existia já na parede para fazer um efeito especial, pintando reflexos que se dirigem a três legionários romanos "representados como o Mal". "A cruz combate-os com a sua projeção" explicou o pintor. Ao lado do túmulo vazio, uma figura jovem com vestes luminosas, representando um anjo, contempla a cena. Nenhuma das figuras olha para Jesus, que sobe aos céus.
Apesar de não ser católico, Vítor Lages tem lido as Escrituras regularmente, para " tentar entrar no espírito" e dar, além do aspeto figurativo da pintura, uma mensagem. "É aquilo que faziam no renascimento, as pessoas não sabiam ler", e as pinturas nas igrejas eram um catecismo ao alcance de todos, referiu o pintor.