A vida na capital
Com amigos recentes falavam de tudo, a maioria das vezes, de coisas sem nenhum interesse. Essa sensação foi-o empurrando para uma decisão que ia adiando. Dormia até mais tarde e fazia aquilo que normalmente não tinha feito até então, ou seja, via novelas na televisão. As notícias começaram, invariavelmente, a focar o problema do Iraque e das armas de destruição maciça. Os noticiários davam grande destaque às actividades da ONU. Tanto em zonas de conflitos mundiais, como noutras zonas de grandes carências sociais. Na quinta e arredores, as hipóteses de emprego eram diminutas. A capital tinha-lhe parecido a melhor solução. O mundo era outro, mas não sabia se melhor ou pior.
Porém, com o aparecimento das guerras coloniais e o serviço militar obrigatório na perspectiva, nada mais que empregos precários apareciam! Isto para os jovens, para mulheres era diferente. A viver em casa de tios amigos, os custos eram diminutos, e iam aparecendo empregos a termo. Mais tarde ficou a trabalhar com o próprio tio numa pequena fabriqueta.
Aí, pensou em continuar os estudos à noite e com explicadores. Deste modo tirou os ciclos liceais e pensou no curso de “Agentes Técnicos”.Só sonhos, por que não havia ensinam nocturno! Demais, os institutos comerciais e industriais estavam cheios de alunos vindos do segundo ciclo liceal e os outros (industria e comercio) para entrarem eram obrigados a fazer exames de admissão a todas as cadeiras do segundo ciclo liceal, não ensinadas no ensino técnico. Consistia isto numa protecção às classes mais favorecidas. Sempre a injustiça, no mundo de ontem e de hoje! Assim há-de continuar… o mundo nunca será perfeito aprisionado que está ao Bem e ao Mal.
O nosso jovem encontrou uma jovem com quem começou a conviver diariamente e ia fazer a admissão ao instituto comercial. Entusiasmado lá entrou neste curso médio com ela no ensino nocturno que felizmente existia. Feito o primeiro ano vem a tropa em tempos de guerra. Com sorte acabou por não ser mobilizado para as guerras coloniais, mas, suportou quatro anos de serviço militar obrigatório. Correu o país, e deixou de poder frequentar o ensino em que estava focado.
Empregos só temporários. E esta foi a situação de uma juventude que iria, ainda, ser mais explorada até hoje!
Entretanto os apregoados democratas, conseguiram mudar radicalmente a nossa orientação política e acabar com os tais “fascistas”! Sobre isto se falará mais tarde ….. Por agora só se dirá que o Monstro, está instalado entre nós, vai para quarenta ou mais anos. Nasceu, cresceu e engordou e foi-se deitando em cima dos portugueses, não os deixando quase respirar. Veio para ficar? Impostos e mais impostos!